F1: A fé de Arrivabene e os erros de Vettel

Por a 10 Outubro 2018 15:13

67 e 78. São os números que neste momento estão na mente dos responsáveis da Ferrari. 67 é a distância pontual  de Sebastian Vettel ao líder  Lewis Hamilton e 78 são os pontos que separam a Mercedes da Ferrari.

Faltam ainda quatro provas para o final da época mas Lewis Hamilton poderá sagrar-se já campeão em Austin, no Texas, se Vettel ficar abaixo do segundo lugar. As esperanças da Ferrari são muito ténues mas Maurizio Arrivabene não atira a toalha ao chão e quer tentar o tudo por tudo nas últimas corridas:

“É fácil ser pragmático “, disse Arrivabene à Sky Sport.” No sábado tivemos um problema que todos sabem. Fiquei um pouco desapontado, mas vencemos e perdemos juntos. “

“Eu tenho a dizer sobre a corrida, que a equipa e os pilotos reagiram muito bem. Tivemos algumas circunstâncias durante a corrida que nos impediram  de alcançar o pódio. Acho que pelo menos o pódio estava ao alcance e os carros, mesmo danificados, estavam a ir muito bem. Em relação às corridas futuras, eu sei que a situação parece impossível, mas o nosso trabalho às vezes é desafiar o impossível e é isso que vamos fazer,  para as quatro corridas que temos pela frente.”

O filme de 2018 parece uma cópia do de 2017 e até as distâncias pontuais nesta altura têm semelhanças quase inacreditáveis. E no início da época parecia tudo tão bem encaminhado para Vettel. Liderou o campeonato nas três primeiras até que chegou o GP do Azerbaijão e Vettel faz uma tentativa mal calculada de ultrapassagem num dos recomeços da prova após Safety Car, perto do final e perde assim a vaga no pódio. Foi o primeiro erro de Vettel e foi a primeira vez em 2018 que Hamilton liderou o campeonato.

Vettel só voltaria para a frente da classificação no Canadá, para logo na prova seguinte deixar novamente escapar o primeiro posto. Foi no GP da França com um erro na primeira curva, onde não foi capaz de evitar o contacto com Bottas atirando ambos para o fim do pelotão. Na Áustria Vettel aproveitou a falha dos Mercedes para voltar para a frente da tabela onde permaneceu… até ao GP da Alemanha, onde liderou sem qualquer oposição até errar e sair de pista por causa da chuva que começava a cair. Foi nesta corrida que a luta pelo título começou a complicar-se em demasia, mas a distância ainda não era irrecuperável.

Veio o GP da Bélgica onde Vettel conseguiu encurtar a diferença pontual, mas então chegou o GP de Itália e um erro da equipa (não colocar Vettel atrás de Raikkonen na Q3 para aproveitar o cone de ar) e mais uma manobra falhada do alemão na primeira volta, permitiu que Hamilton ficasse com uma vantagem mais confortável. Seguiram-se Singapura e Rússia, em que o carro da Scuderia não esteve ao nível da Mercedes e no Japão o golpe final nas aspirações com o toque em Verstappen.

É curioso notar que a cada vez que Vettel perdeu a liderança, houve um erro a definir o desfecho. Hamilton por seu lado desde o GP da Grã-Bretanha tem sido de uma regularidade impressionante. Tanto Hamilton como Vettel têm apenas uma desistência em 2018 mas o britânico tem sido muito mais regular que o alemão.

É justo apontar o dedo a Vettel? Em parte sim, pois foi por causa de manobras menos calculadas que o campeonato lhe fugiu. E pilotos de topo como Hamilton ou Ricciardo já mostraram por várias vezes como ultrapassar de forma segura e eficaz, algo que o Vettel nem sempre faz, fruto de precipitações. Arrivabene é também claro alvo de críticas  por ser o responsável máximo, pelo que tem de ter uma parte da responsabilidade.

Mas na verdade são estes dois homens as grandes figuras da recuperação da Ferrari nos últimos anos. Arrivabene foi um balão de oxigénio quanto entrou na Ferrari. A sua postura tipicamente latina e a forma emocionada como cantou o hino com o resto do staff da Scuderia nas primeiras vitórias de Vettel eram a prova que o italiano trouxe alma e chama a uma equipa que parecia perdida nas suas próprias complicações. Liderou a equipa neste regresso aos primeiros lugares e teve de enfrentar situações difíceis como a saída de James Allison, o director técnico numa fase em que a Ferrari teve de dar um passo atrás para dar dois à frente (em 2016).

Vettel é também o nome que ficará sempre ligado ao ressurgimento da Ferrari nestes últimos anos. Foram dele as primeiras vitórias em 2015, numa altura em que a equipa precisava acima de tudo de recuperar confiança e o ego. A sua postura e a forma como trabalhou para se inserir e desenvolver o carro foi sem dúvida uma das chaves em todo este processo.

2017 e 2018 foram anos complicados para a equipa. Mostraram capacidade para vencer, mas perderam por culpa própria. Claro que os fãs querem o título que escapa há 10 anos e à boa maneira latina, há vontade de que algumas cabeças rolem. Arrivabene já foi falado para a Juventus e mesmo Vettel está sob pressão por parte dos media. Mas, pessoalmente, acho que esta dupla merecia mais uma hipótese em 2019 para tentar o título. A forma como puxaram a Scuderia para cima merece isso. Cometeram-se erros que custaram muitos pontos, mas quem teve capacidade de voltar colocar a equipa no trilho do sucesso, tem também capacidade para afinar os pormenores que faltam para enfrentar a poderosa máquina da Mercedes.

Para este ano, apesar da postura de Arrivabene, a entrega do título é quase uma mera formalidade. Mas a Ferrari conseguiu uma boa base para os próximos dois anos. Basta melhorar a componente desportiva (a estratégia em corrida é uma prioridade) e minimizar os erros que este ano foram a raiz do insucesso. E Vettel tem de se reencontrar. Tem de voltar a ser o Vettel líder de 2015 e 2016, tem de trabalhar para evitar os erros desnecessários. Vettel é um excelente piloto que sabe planear tudo e trabalhar de forma inteligente. Falta-lhe a arte do improviso em pista mas tem as ferramentas necessárias para levar a Scuderia ao título. Este ano por demérito próprio e por mérito da Mercedes e de Hamilton (que mostraram um espírito de equipa muito forte e uma capacidade de trabalho fenomenal) terá provavelmente de se contentar com o “vice”.

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