RedBull e Renault: Quem perde com a separação?

Por a 20 Junho 2018 11:43

A teoria do copo meio cheio ou meio vazio serve na perfeição ao anúncio que a RedBull fez – que o AutoSport já fez eco – de trocar para os motores Honda no final desta temporada. O copo pode estar meio cheio porque a Renault – e Cyril Abitboul pode não ser tão inocente como parece muitas vezes – finalmente acaba com uma relação que menorizava a casa francesa. Foram onze anos com a RedBull onde os sucessos eram atribuídos ao génio de Adrian Newey, as derrotas à fraca qualidade do propulsor Renault. Aliás, é absolutamente espantoso o facto da Renault nunca ter conseguido comunicar de forma assertiva essas vitórias e, ainda hoje, muitos não sabem qual foi o motor que levou Sebastien Vettel a quatro títulos mundiais. E nos últimos tempos, a Tag Heuer e a Aston Martin retiraram mais dividendos que a casa francesa. O verdadeiro cerco feito pela Renault e por Cyril Abitboul, agitando ultimatos e vociferando sibilinas acusações, acabou por resultar.

O copo poderá estar meio vazio se olharmos para a chegada da Honda ao universo RedBull. A porta de entrada foi a Toro Rosso e a narrativa vendeu a ideia que foi uma solução de recurso que não passaria da associação entre a equipa secundária da RedBull e o construtor japonês, desesperado para sai do casamento desastrado com a McLaren. Porém, Helmut Marko faz o que lhe dá na real gana e fartou-se de mandar indiretas à Renault e a Christan Horner, deixando claro que a escolha seria a Honda. E, curiosamente, o motor japonês melhorou muito e já dá um ar da sua graça. E olhando para o novo regulamento onde os motores perdem sofisticação, a mesma que anda a dar dores de cabeça aos japoneses, a Honda poderá ser uma força a levar em linha de conta.

Contas feitas, a RedBull esteve onze anos com a Renault conseguindo, em conjunto, 57 vitórias e 113 pódios, além dos quatro títulos entre 2010 e 2013. Antes, quando a casa das bebidas energéticas chegou à Fórmula 1, cumpriram o ano de estreia com motores Cosworth (inerência da compra da Jaguar) e mais um ano com propulsor Ferrari. Depois dessas suas épocas frustrantes, Adrian Newey entendeu que o motor francês seria um bom parceiro para as suas ideias e o resto é história acima traduzida em números. Este será o copo meio cheio…

Mas o copo meio vazio diz-nos que, com a chegada da regulamentação híbrida, a Renault perdeu-se na leitura das regras e foi completamente ultrapassada por Mercedes e Ferrari. Em 2014 só ganhou três corridas e em 2015 nem uma única vez a RedBull fez saltar a rolha do champanhe. Nos dois anos seguintes, o virtuosismo de Daniel Ricciardo e Max Verstappen permitiram mais uma mão cheia de vitórias, mas sem nunca estar na luta pelo título. Mas havia noticias de melhorias e o contrato foi estendido até final de 2018, mas com algumas dores: fim do contrato de patrocínio com a Infiniti (marca de luxo da Nissan e da Aliança Renault Nissan Mitsubishi). E aqui a RedBull terá dado a machadada final numa relação inquinada: o acordo com a TAG Heuer para dar nome aos motores Renault usados pela RedBull, impediu toda e qualquer atividade de marketing por parte da casa francesa. Juntando-se a isso a polémica do final da temporada 2017 com a falta de peças de substituição e as eternas acusações de falta de fiabilidade dos motores franceses. A três vitórias alcançadas em 2017, ficaram todas associadas ao nome TAG Heuer, as muitas derrotas eram culpa da Renault.

Era evidente para todos que o casamento iria terminar em divórcio. Primeiro indício: a Toro Rosso também tinha motores Renault, mas passou para a Honda assim que a McLaren decidiu mandar porta fora os japoneses. O segundo foram as declarações de Helmut Marko, sempre provocador. O anúncio feito por Christian Horner foi o ato final de um divórcio que, como digo acima, pode ser visto como um copo meio cheio ou um copo meio vazio…

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