Renault pausa comerciais a hidrogénio e reforça eletrificação

Sem ver progressos no chamado ecossistema do hidrogénio, a Renault pausouo desenvolvimento de comerciais a hidrogénio, estando a Hyvia, divisão dedicada a este negócio, em liquidação. Embora sem fechar a porta a esta e outras tecnologias motrizesno futuro, Heinz-Jürgen Löw, Vice-Presidente Senior da Renault Veículos Comerciais, vê na eletrificação e os comerciais ligeiros a “combinação perfeita”.
A Renault apresentou no Salão de Veículos Comerciais de Birmingham, em Inglaterra, três comerciais elétricos totalmente novos, com base em plataforma de estilo “skate”, altamente modular e com características definidas por “software”, ou seja, amplamente atualizável para manter o valor ao longo de mais anos. Porém, se a eletrificação foi o tema central na revelação dos Estafette, Goelette e Trafic, o hidrogénio, solução que até há alguns meses fazia parte da estratégia de comerciais da Renault, esteve ausente das conversas.
A razão prende-se com a paragem do desenvolvimento da tecnologia de veículos a hidrogénio, com Heinz-Jürgen Löw, Vice-Presidente Senior da Renault Veículos Comerciais a explicar que a relação entre o investimento feito e a evolução do mercado estava muito abaixo do esperado. Assim, optou-se pela entrada em liquidação da Hyvia, entidade que tinha a seu cargo o desenvolvimento da tecnologia (em parceria com a Plug).
Esta abordagem deriva do ambiente altamente incerto em torno das regulações e das tecnologias de motorização necessárias para atingir a meta das emissões zero na União Europeia até 2035, o que leva a apostar em diferentes caminhos, mas a escolher alguns de forma mais concreta para se evitarem gastos supérfluos, como explicou Löw aos jornalistas em Birmingham.
“Toda esta questão dos regulamentos é realmente incrível. Há tanta coisa por detrás das normas Euro 6b, Euro 6e-bis que, normalmente, nem o cliente, nem vocês [jornalistas] veem, mas que obrigam a investir bastante. Falando do Euro 7, é um trabalho e tanto e muito dispendioso. Penso que, como disse antes, os veículos comerciais ligeiros são a combinação perfeita para a eletrificação, porque os clientes utilizam o veículo em média 80 a 150 km por dia, por isso é normalmente uma combinação perfeita, mas tem de haver alguma coisa que mude em termos dos utilizadores e dos custos, pelo menos a paridade dos custos totais de operação [TCO], que é super importante para nós”, começa por explicar o alemão.
“Tivemos a ‘joint-venture’ com a Plug para abordar o hidrogénio, a Hyvia, que está em liquidação neste momento, porque não nada aconteceu. Investimos muito dinheiro, desenvolvemos o material, mas todo o ecossistema do hidrogénio não está a descolar. Até tenho a impressão que retrocedeu, por isso é que tivemos de parar de financiá-la. Não excluo a possibilidade de algo acontecer [com essa tecnologia], mas, pessoalmente, acredito que a eletrificação é o caminho certo para os veículos comerciais ligeiros”, acrescentou, reforçando a ideia de que o desenvolvimento do hidrogénio e do seu ecossistema era “muito, muito dispendioso”.
Para o responsável pelos veículos comerciais ligeiros da Renault, muito poderá passar pelos próximos passos regulamentares da Europa. “Imaginem que a União Europeia qualifica os ‘e-fuels’ como neutros em carbono. Estou seguro de que muitos clientes adorariam continuar a utilizar os seus LCV como nos últimos 50 ou 100 anos e por gasóleo no depósito. Mas esse é o problema: onde é que obtemos os ‘e-fuels’? O preço é bom ou não? Temos de ver. Não o excluo e penso que temos de permanecer com a mente aberta, como sempre disse, mas neste momento, o hidrogénio está, pelo menos, em pausa”, complementou ainda, lembrando que a gama da Renault conta ainda com modelos equipados com motor de combustão para aceder a todos os tipos de clientes.
Ajudar os clientes na transição
Porém, Heinz-Jürgen Löw também sabe que no setor dos veículos comerciais o valor dos custos de operação e de manutenção têm um peso muito maior no processo de escolha por um modelo novo, pelo que o objetivo da marca é ajudar os clientes a darem o passo para a eletrificação, mesmo que o ritmo de adoção da eletrificação não esteja a acompanhar as previsões efetuadas há alguns anos.
“É um desafio porque todo o mercado tem de se transformar dos motores a combustão para os veículos elétricos. E, decididamente, o ritmo não está a ser aquele que todos sonhámos há cinco anos. Mas, ainda assim, está a acontecer e estou convencido de que o negócio de veículos comerciais é a combinação perfeita para a eletrificação pelo que é apenas uma questão de tempo, não há dúvidas de que vai acontecer. E prefiro enfrentar esse desafio com um produto que sobressaia em comparação com um normal”, realçou, destacando também que a eletrificação das frotas não passa só pelos veículos em si, mas por tudo o que está à sua volta – “a infraestrutura, o financiamento, os serviços. Trata-se da abordagem comercial e da forma como estão a trabalhar para apoiar os clientes de frotas nesta transição”.
Neste sentido, o conceito tecnológico por detrás de modelos como os Estafette, Goelette e Trafic, com arquitetura de 800 V para recargas mais rápidas, autonomias alargadas, modularidade elevada e “software” avançado e atualizável ao longo do tempo poderão também desempenhar um papel essencial ao ajudar na redução de custos de operação, os já mencionados TCO, por exemplo, ao permitir atributos como a manutenção preditiva.
Formar as equipas de vendas
Sem revelar preços, mas dando a entender que os dos três comerciais elétricos a lançar em 2026 serão mais caros do que os congéneres a combustão, Löw aposta na mais-valia que será a redução dos custos de operação.
“Sem dúvida que temos de fazer muito para formar as equipas de vendas, para compreender o que é o TCO. Além disso, o conceitoSDV, baseado em Android, está a dar-nos uma nova oportunidade de convidar os clientes com o seu sistema de transporte, com o seu sistema de gestão, com qualquer sistema operacional, a juntarem-se a nós, porque é de código aberto. Como já referi, é relativamente fácil, com uma API, ligar os seus sistemas e, ao fazê-lo, reduzir também o custo total de utilização. É preciso falar com os clientes sobre novas situações, não apenas sobre consumos, preços das peças sobresselentes e financiamento. E é por isso que queremos realmente agitar um pouco o barco, mas isso significa que começa connosco. A nossa força de vendas, a compreensão de tudo isso e, em seguida, o empenho dos clientes”.
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