WRC, Walter Rohrl: “Tinha sido muito melhor se ela (Mouton) tivesse sido campeã mundial, seria único na história”


O jantar da Gala foi interessante, mas a conferência de imprensa que teve lugar a meio da tarde não o foi menos, já que, entre muitos outros, Walter Rohrl abriu o seu coração e falou sobre a história da época de 1982 do WRC, quando impediu que Michele Mouton se tornasse a primeira mulher a ganhar o título do WRC.

Na altura, Rohrl tinha sido crítico do que alegava ser um conjunto muitas vezes superior Mouton/Audi, chegando mesmo a ser amplamente divulgada uma frase atribuída a Walter Röhrl: “Até um macaco consegue andar depressa num Audi Quattro”, mas agora admitiu que Mouton ter conquistado o título poderia ter sido melhor: “Muitas pessoas perguntam-me como é ser duas vezes campeão mundial, digo-lhes que para mim significava mais ganhar o Rali de Monte Carlo. Mas foi uma situação engraçada em 1982 com a Michèle. Olhando para trás, tenho a sensação de que poderia ter sido muito melhor se tivesse sido campeã mundial. Isto teria sido único na nossa história com uma mulher a ser campeã do mundo. Sinceramente, não consigo ver mais isso a acontecer, só posso pedir desculpa”.

Michèle Mouton, aceitou o repto: “Tens os altos e baixos e deves lembrar-te de todos os melhores tempos”. Mas foi muito simpático da sua parte ter dito isso”.

Algum tempo antes, na entrevista que lhe fizemos, e que publicamos esta semana no jornal AutoSport, perguntámos-lhe se esse episódio a afetou na altura? “Nunca dei importância ao que os outros diziam sobre mim, quer os jornalistas, quer os outros pilotos. Para mim, o que importava era conseguir fazer os mesmos tempos que o Hannu [Mikkola] e o Stig [Blomqvist].

Eles eram a minha referência. No nevoeiro, não interessa muito a potência do carro e, nesse ano, na Lousã, eu dei dois segundos por quilómetro ao Walter e apanhei-o no final da classificativa.

Isso não teve que ver com o Quattro, por isso, sempre me pareceu que o Quattro era uma boa desculpa para justificar um resultado menos bom.

Todos sabemos que o carro tinha vantagem em determinadas circunstâncias mas ele nunca falou das desvantagens do Audi Quattro. O Rali do Brasil disputou-se com piso molhado e, aquele tipo de terra, quando molhada, parecia gelo, o que, sem dúvida, beneficiava o Audi. Mas, em Portugal, não creio que tenha sido a tração ou a potência a fazer a diferença, por isso, esses comentários nunca me afetaram…”

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