Mads Ostberg: Um piloto que cresceu depressa demais…


Como muitos outros, Mads Ostberg teve um começo promissor nos ralis: queria ser o próximo ‘Petter Solberg’, na primeira conversa que tivemos com ele, tinha 23 anos e já cinco de WRC. O desafio não parecia difícil de concretizar, mas a dura realidade.

Não se pode dizer que está a ter uma má carreira, 135 ralis, uma vitória, seis segundos lugares, campeão da 2ª divisão, o WRC2, desde que saiu de piloto oficial da Citroën no WRC, só tem corrido de R5.

Raramente os jovens têm hipóteses de ter sucesso numa disciplina tão exigente como a do Mundial de Ralis. Mas antes mesmo de ter 20 anos, este norueguês já tinha ganho uma especial (Suécia 2007) e conquistado um ponto (Finlândia 2007) e ainda no tempo que os só os oito primeiros pontuavam!

Se a isto juntarmos o facto de, ainda antes dos 22 anos, Mads Ostberg ter ganho três campeonatos nacionais na Noruega, ao volante de carros WRC e em equipas privadas, então percebe-se que este ‘miúdo’ não era um piloto qualquer.

E quando estamos na presença de um destes ‘exemplares’, a verdade é que há sempre um conjunto de fatores que o justificam. Neste caso, muitos dos genes de Morten Ostberg (também piloto) terão passado para o seu filho, mas e talvez mais importante que isso, a Mads foi dada a oportunidade de começar a fazer ralis ainda na puberdade!

O norueguês recorda que “cresci com os ralis. Lembro-me, desde sempre, de acompanhar o meu pai a correr e ele até costumava dizer que a única coisa que me conseguia mesmo tirar da cama cedo eram os ralis! Primeiro fiz coisas como o motocross e Karting, mas eram os ralis que me apaixonavam”.

De World Rally Car aos 18!

Em 2001, Mads começou a viver por dentro os ralis, dois dias antes de fazer 14 anos, quando acompanhou, pela primeira vez e como navegador, o pai. Foram três anos sucessivos a perceber quais as melhores técnicas de condução até que “em junho de 2004, com 16 anos, participei no meu primeiro rali ao volante, na classe ‘Educação’, na Suécia, guiando Opel Ascona. Pouco depois, passei para um Volvo que já não era de série”. No entanto, antes dos 18 anos, o simpático nórdico admite que não fez assim tantos ralis como gostaria. Mesmo assim, não haverá muitos jovens da sua idade a poderem gabar-se de comemorarem a emancipação dos 18 anos ao volante de um WRC. Dois meses depois de completar essa idade, o piloto já obrigava Mathias Kahle a suar, só perdendo para o ex-campeão alemão num rali em Lausitz, na Alemanha, por problemas de motor e caixa no seu carro. Esse rali e outros que realizou na Noruega, nesse ano, em Subaru Impreza WRC (S7 e S9) anteciparam a sua estreia no Mundial, no Rali da Suécia de 2006.

Aí começou também uma longa ligação à Subaru e à Prodrive que tiveram o seu auge em 2009, quando a sua equipa, Adapta Team, fez todos os esforços para desenvolver o projeto do Impreza S14 (2009), depois da Subaru ter anunciado a sua saída do WRC, mas com resultados pouco mais do que medianos. Apesar de milhares de quilómetros de testes, o S14 nunca atingiu o nível desejado pois “só era realmente bom em superfícies de muita aderência”.

Em cinco temporadas, sempre como privado, Mads, aos 23 anos, já tinha somado pontos por oito vezes no Mundial, acabando, em 2010, por trocar o Impreza por um mais ‘civilizado’ Fiesta S2000: “é um excelente carro onde é preciso lutar muito menos do que com o Subaru e está mais adaptado ao meu estilo de condução”.

Depois, Mads chegou a testar o MINI WRC num teste-diagnóstico para verificar todos os sistemas do carro, mas, no final, a sua opção acabou por recair sobre o Fiesta WRC com que participou em algumas provas do Mundial.

No ano seguinte, 2012, como privado, Mads Ostberg venceu o Rali de Portugal após a desclassificação do Citroën de Mikko Hirvonen. O finlandês tinha dominado uma prova onde Loeb, Solberg e Latvala cometeram um harakiri sob condições dantescas. Sobrou para Ostberg, foi a sua única vitória no WRC. Nesse ano obteve a sua melhor classificação de sempre no WRC, quarto, que repetiu em 2015. Sempre foi um bom piloto, seguro, constante, mas nunca foi um excelente piloto. Hoje em dia luta pelas vitórias e títulos do WRC2.

Como (não) roubar carros de ralis!

Com nove anos de ralis (três como navegador e seis como piloto), Mads Ostberg já tem na bagageira muitas ‘estórias’ para contar. Uma das mais curiosas é que envolveu o roubo dos dois Subaru Impreza S10 da Adapta Team, em Gotemburgo, que poucos quilómetros depois foram abandonados, sem qualquer dano. Porquê? Porque de imediato a Prodrive identificou as unidades e, à distância, bloqueou um dos carros em ‘modo de estacionamento’. O outro, na verdade, nem chegou mesmo a ser roubado pois o carro ainda foi posto a trabalhar, mas a profusão de botões na consola central terá baralhado os ladrões, que não conseguiram arrancar por não terem ligado as bombas de gasolina!

O dia em que percebeu porque Loeb…era Loeb

Antes de experimentar o Fiesta S2000, Mads Ostberg teve oportunidade de perceber as potencialidades de outro S2000. O 207, mas guiado por alguém muito especial: “quando fomos testar o Peugeot com a PH Sport, chegámos ao teste e pediram-nos para esperar. Porquê? Porque um tal de Mr. Loeb também vinha ensaiar o carro! Pouco depois, chegou no seu helicóptero e tive oportunidade de andar ao seu lado e perceber por que é afinal tão rápido em asfalto. Uma das coisas que mais me impressionou foi a forma como trava já nas curvas. Não faz as trajetórias limpas que eu esperava, antes coloca sempre o carro no meio da estrada quando trava, muito longe daquilo que eu consideraria ser a trajetória ideal!”, referiu depois de analisar a condução do heptacampeão do Mundo.

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