Targa Florio: Quando o homem sonha


O Targa Florio nasceu do sonho de um homem. Rico, siciliano, Vincenzo Florio nasceu em Palermo, em 1883. O seu avô Vincenzo (1799/1868) era já um homem rico, dos mais influentes na ilha – industrial, fundou em Palermo um casa que importava especiarias e, também, uma fábrica de vinhos, em Marsala, antes de se dedicar à construção de barcos, em 1845. Para o jovem Vincenzo, a paixão pela aventura e, claro, pelos automóveis, surge como natural, naquele início do século XX. Ele próprio piloto, com participações em diversas corridas importantes daquela época, conseguindo mesmo alguns bons resultados, Em 10 de Setembro de

1905, teve lugar no Circuito delle Madonie, aquela que foi a primeira corrida de automóveis em solo italiano. Ganha por Raggio, ao volante de um Itala, Vincenzo Fiorio não falhou a partida, com o seu Mercedes, terminando em 9º lugar. De seguida, pensou num desafio notável: usando a pioneira pista de Madonie, lançou as bases da Targa Florio e, vencendo todas as dificuldades, criou aquela que ficou na história como uma das grandes provas de resistência, primeiro para carros de GrandPrix e, depois, de Sport. Ao vencedor, seriam entregues 2000 liras de prémio e uma taça em ouro. Fiorio convidou para piloto da sua equipa Felice Nazzaro, à época o mais conceituado piloto italiano.

A primeira edição da prova utilizou o tormentoso percurso da Madonie, com os seus 148 quilómetros, a serem percorridos por três vezes. Atravessava várias localidades e atingia uma altitude de 360 metros, com vista maravilhosa para o mar. Ao longos dos anos, ficaram lendárias as verdadeiras guerras entre a Fiat, Mercedes, Maserati, Bugatti, Ferrari, Lancia, Alfa Romeo, Porsche ou Peugeot. Depois, como tudo na vida, chegou a altura do ocaso. A Targa transformou-se no Giro di Sicilia, com os seus mais de 1000 quilómetros, até que encolheu para os 72 quilómetros do Piccolo Circuito delle Madonie, nos últimos 14 anos. Em 1955, a Traga Florio entrou no Campeonato do Mundo de Marcas – era o culminar do sonho de um homem, que felizmente não chegou a ver o ocaso da sua obra.

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