GP Hungria 2003: A primeira vitória de Fernando Alonso… e de um espanhol na F1


A primeira vitória de Fernando Alonso foi brilhante e alcançada no GP da Hungria de 2003, e foi também a primeira vitória dum piloto espanhol na F1. Alonso não deixou fugir a oportunidade, confirmando-se como um dos valores seguros da nova geração de pilotos da F1 de então, dando nesse momento o primeiro passo no caminho duma carreira que adivinhava plena de sucessos e que em 2023 terá um novo capítulo na Aston Martin depois de 2 anos na Alpine já com um pódio pelo meio.

Eis o que o AutoSport escreveu sobre essa vitória na altura:

Fernando Alonso brilhante, o mais jovem vencedor na F1
Ao ganhar no Hungaroring de forma brilhante, Fernando Alonso tornou-se o primeiro piloto espanhol a ganhar um Grande Prémio e o mais jovem a chegar à vitória na história da F1, pouco mais de um mês depois de ter completado 22 anos de vida. Mas, o sinal de renovação e a onda de juventude não ficou por aí, uma vez que o GP da Hungria teve o pódio mais jovem de sempre, depois de Kimi Räikkönen ter conseguido recuperar muitas posições à partida e consolidar o segundo lugar isolado durante a corrida, e de Juan Pablo Montoya ter conseguido manter o terceiro lugar apesar dum pião a nove voltas do final, com o qual poderia ter comprometido uma corrida em que recuperou de oitavo na primeira volta, devido a um mau arranque na parte suja da pista, para terceiro no final duma corrida que marcou o reagrupamento geral dos candidatos no topo da tabela pontual do Mundial de Pilotos.

De facto, Michael Schumacher não conseguiu ir além de oitavo, permitindo assim a aproximação de Montoya e Räikkönen, que se apresentarão em Monza a um e dois pontos, respectivamente, do alemão da Ferrari.

No Mundial de Construtores é que o desastroso fim-de-semana da Ferrari teve maiores reflexos, pois a equipa italiana perdeu o comando para a Williams-BMW e ficou a oito pontos desta, passando ainda a ter somente seis pontos de vantagem sobre a McLaren-Mercedes. Não há dúvida de que tudo se conjuga para termos um final de campeonatos emocionante, numa época que já proporcionou a vitória a oito pilotos nas treze primeiras corridas do ano, algo que não sucedia desde 1982. E tinha sido, também, no já longínquo ano de 1983, que num GP da Áustria ganho por Alain Prost, a Renault tinha alcançado a sua última vitória como Construtor.

Ao ganhar a partir da “pole position”, e com uma vantagem relativamente confortável de 16,7 segundos, Fernando Alonso não deixou dúvidas sobre o mérito da sua vitória. Foi ele o melhor no GP da Hungria, sem dúvida, mas não o mais rápido, pois Montoya, Ralf Schumacher e Räikkönen, os pilotos que terminaram nas posições seguintes, realizaram melhores voltas na corrida, mostrando que podiam ser mais rápidos do que o espanhol, mas isso apenas torna o sucesso de Alonso mais significativo.

Do que não há dúvida é que o espanhol da Renault adoptou um ritmo diabólico na primeira parte da corrida, permitindo-se ganhar quase dois segundos por volta aos seus perseguidores mais directos e conquistando a vantagem decisiva para controlar o resto da corrida.

Também é certo que a fuga inicial de Alonso foi facilitada pela presença de Mark Webber na segunda posição, “segurando” alguns dos pilotos que poderiam ter tentado acompanhar Alonso até ao primeiro reabastecimento, impedindo-o de ganhar vantagem tão significativa, mas isso faz parte das circunstâncias das corridas, e até constituiu a confirmação dum dos cenários possíveis para a corrida, considerando as posições à partida e as previsíveis dificuldades com que deveriam deparar os pilotos que se encontravam nas posições pares, do lado direito da pista, portanto na zona em que os carros não passavam e se mantinha muito suja.

Estas dificuldades acabaram por se confirmar, levando os dois pilotos da Williams-BMW, que eram segundo e quarto na grelha, a fazer arranques muito maus, que os levaram a perder várias posições. E, se Montoya ainda conseguiu limitar o terreno perdido, passando em oitavo no final da primeira volta, Ralf Schumacher perdeu ainda mais posições, e caiu para 18.º ao fazer um pião na segunda curva, para não bater na… traseira do carro do seu companheiro de equipa.

Para quem ocupava um lugar na primeira linha, esse foi um início de corrida bastante frustrante, mas os dois Williams-BMW acabaram por recuperar lugares de forma significativa, pois Montoya foi terceiro e Ralf Schumacher quarto. Nenhum deles conseguiu, porém, incomodar Kimi Räikkönen, que aproveitou o facto de se encontrar do lado melhor da pista para saltar de sétimo para quarto após a partida, ganhando ainda mais uma posição quando Barrichello falhou a tentativa de ultrapassagem a Webber, sainda em frente na “chicane” e perdendo posições para o finlandês e para Trulli, afinal o único a conseguir fazer um bom arranque do lado duo da pista.

A propósito, é de sublinhar o excelente funcionamento do controlo automático de arranque em ambos os Renault, fundamental para Alonso assumir o comando de início, criando condições para fugir aos adversários. O dispositivo foi bem aproveitado por Trulli, antes de surgirem problemas de aderência no seu carro, que se mantiveram ao longo da maior parte da corrida. A McLaren-Mercedes também tirou bom partido do facto de ter os seus dois pilotos no “lado bom” da pista, mas o arranque de Räikkönen não foi suficiente para o colocar à frente de Webber, e isso fez a diferença entre uma “colocação” em que o finlandês talvez pudesse lutar pela vitória, e aquela em que se viu limitado a garantir a segunda posição. Por outro lado, Coulthard acabou por ser penalizado pelo facto de ter feito apenas dois reabastecimentos, uma táctica que somente Button também utilizou, entre os que terminaram a corrida. Apesar disso, o escocês ainda conseguiu terminar à frente de Mark Webber, numa corrida em que conquistou três pontos preciosos, sobretudo para a Jaguar, equipa que demonstrou ainda não ter rapidez e consistência para lutar pelos primeiros lugares, mesmo quando se encontra muito bem colocada à partida e na primeira fase da corrida.

Na Hungria, porém, a Jaguar até esteve melhor do que a Ferrari… Num fim-de-semana desastroso, a equipa italiana este irreconhecível, tal como a Bridgestone, pois Michael Schumacher não foi além de oitavo, mas foi o melhor com pneus japoneses. E, é evidente que se a competitividade está no conjunto, os Bridgestone desempenharam um papel significativo na falta de ritmo revelada por Schumacher ao longo de toda a corrida, uma situação agravada pelo facto de ter ficado atrás de Trulli, que tinha problemas de aderência e atrasava o alemão, após o segundo e terceiro reabastecimentos. Mas um episódio mostrou que a Ferrari também não esteve bem, uma vez que o carro de Schumacher ficou sem gasolina a cerca de 200 metros das “boxes”, imediatamente antes do segundo reabastecimento. Terá perdido então cerca de sete segundos (segundo os cálculos da equipa), e a possibilidade de ultrapassar Trulli, que poderia ter-lhe aberto hipóteses de lutar por algo mais do que o… sétimo lugar. E sem sucesso…

A suspensão traseira esquerda partida no carro de Barrichello, tornou ainda mais negativa a participação da Ferrari no GP da Hungria, pois o brasileiro seguia então à frente de Montoya, por isso talvez pudesse lutar por um lugar no pódio.

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