CRÓNICA: Ecos do Rali de Portugal

Por a 24 Maio 2016 13:24

Caiu o pano sobre a 50ª Edição do Rali de Portugal, num evento que terminou com um vencedor surpresa, numa prova com muitos motivos de interesse e ‘casos’ que geraram muita discussão.

Indo pela ordem cronológica dos factos, em primeiro lugar, a ordem de partida. Sébastien Ogier queixa-se dessa situação, em que o líder do campeonato abre a estrada nos dois primeiros dias de prova. Depois do México e Argentina, voltou a ser impossível vencer em Portugal, o que aconteceu pela primeira vez desde que a VW veio para o WRC no início de 2013. Há aqui questões que se devem analisar. Em primeiro lugar, só não venceu na Argentina, porque Hayden Paddon foi mais forte, pois o francês chegou ao último troço apenas 2.6s atrás. Perdeu por 14.3s o rali.

Sendo verdade que nos ralis de terra secos é desvantajoso para quem abre a estrada, mas bastava que o Rali de Portugal se tivesse realizado uma semana antes, em que choveu torrencialmente, para que Ogier tivesse tido uma vantagem avassaladora pelo facto de ser o primeiro na estrada.

Para além disso o líder do campeonato ou campeão em título têm ainda outras vantagens. No Monte Carlo, é de longe vantajoso partir à frente, como confessa o próprio Ogier. Nos ralis de asfalto só na Catalunha não faz muita diferença porque na maioria dos sítios não é possível cortar bermas e or isso sujar a estrada para os carros a seguir.

Mas são cinco os ralis de asfalto do WRC e aí o líder do campeonato (seja ele qual for, normalmente é o Ogier) nunca se queixa. Depois há ainda o Rali da Grã-Bretanha, quase sempre com lama, onde partir à frente também é vantajoso. É verdade que partir à frente é mau em sete provas do WRC, mas só se não chover. E se chover em todas? Ou em algumas? Alguém pode controlar isso? Ogier fala em partir com desvantagem. OK. E não é partir com vantagem correr contra equipas com metade do orçamento? O que gasta a M-Sport face à VW… E o orçamento da Hyundai também está longe do da VW. Nunca há sempre justiça para todos…

O público português

Fantástico! Mais uma vez, não houve problemas com o público, está cada vez mais enraizado entre os espectadores portugueses ver ralis em segurança, o trabalho do ACP na escolha de boas ZE ajuda, embora neste aspeto talvez tenham se ter feitos alguns ajustes. E reforçamos o talvez, pois não sabemos onde é que existem falhas, se do lado do ACP se de algum público.

Atentem neste e-mail que recebemos no AutoSport:

“Não devem cortar as estradas principais de acesso ao troços, pois ficamos completamente perdidos, o que nos obriga a ir à procura de percursos alternativos. Ora, como não temos experiência de condução, nem informação para circular nesse tipo de percursos, passamos por situações muito difíceis. Quando, finalmente, conseguimos alternativas para chegar às zonas espetáculo, deparamo-nos com o corte de acesso a essas mesmas zonas por parte das autoridades, obrigando-nos a fazer o resto do percurso a pé.”

Há aqui várias hipóteses, mas será que a informação que o ACP poderia ser melhor ou simplesmente são as pessoas que não se informam devidamente? É um assunto para rever…

De resto, os espectadores portugueses são dos melhores do mundo, pois para além do povo ser acolhedor, gostar de ajudar e perceber de ralis, nesta altura imagine-se quão contente está Malcolm Wilson, com o facto dos espectadores terem salvo dois Ford Fiesta WRC, o de Ott Tanak e de Henning Solberg.

Porto Street Stage

“Foi bom poder mostrar os ralis a mais pessoas”, disse Sébastien Ogier, e disse quase tudo, porque depois de ver o WRC no coração de uma grande cidade, e ter cerca de 70.000 pessoas a ver é uma ótima promoção para a modalidade, mesmo que o troço seja inútil desportivamente. Houve um enorme esforço das partes envolvidas, a CMP e o ACP, para levarem a cabo a Porto Street Stage, mas valeu a pena, pois há-de haver muita gente que ficou curiosa com o WRC e se calhar foi ver o rali à estrada.

Kris Meeke e a Citroën

Na imprensa internacional li um artigo em que alguém da VW disse que a Citroën estar ausente do WRC este ano, e vir fazer uma prova e ganhar, desvalorizava o WRC. Em primeiro lugar esta é uma situação pontual, pois como se sabe a marca francesa está a fazer um ano de transição para regressar em pleno no próximo ano. Kris Meeke teve a vantagem da posição na estrada, é verdade, mas, mais uma vez: se o rali tivesse sido uma semana antes e Ogier ganhasse a prova com enorme vantagem devido à posição na estrada isso não desvalorizava ainda mais? O que não desvaloriza certamente o WRC é o facto de em cinco provas ter havido quatro vencedores distintos!

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
Já não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Oferta de um carro telecomandado da Shell Motorsport Collection (promoção de lançamento)
-Desconto nos combustíveis Shell
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Subscribe
Notify of
13 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
ernie
ernie
7 anos atrás

Boa análise, mas!!! Muito parcial. Em relação à ordem de partida, Ogier tem razão. E porquê? Apenas porque a intenção, é de facto penalizar o piloto, e não favorecê-lo no Monte Carlo ou se chover. É um facto que chove sempre em Inglaterra, mas também é verdade que nunca chove no México, e ainda é mais verdade que todo o calendário é elaborado para que todas as provas se disputem com piso seco, com excepção do Monte e da Suécia porque são (ou eram) provas tradicionalmente de neve e gelo, e de Inglaterra onde tanto faz, porque chove sempre. A… Ler mais »

simr
simr
Reply to  ernie
7 anos atrás

Concordo e eu fiz as duas coisas, roubar o carro à mãe e ir dar uns piões e jogar colin mcraes e afins e até de momento o Dirt. Continuo a fazer as duas coisas mas agora não preciso de roubar as chaves.

n_asa
n_asa
7 anos atrás

Sinceramente fala-se na penalização do líder do campeonato com a ordem de partida. Mas não se fala que antes penalizava-se os outros que estavam mais abaixo no campeonato.

Prefiro que quem está a frente seja penalizado de alguma forma e que os que vem mais atrás tenham algum beneficio pois só melhora o espetaculo em tudo. Se o Ogier passar a ficar em 2º ou 3º do campeonato passa a sair em 2º/3º.

MAXLD
MAXLD
Reply to  n_asa
7 anos atrás

“Se o Ogier passar a ficar em 2º ou 3º do campeonato passa a sair em 2º/3º.” Pois, mas o Ogier papa sempre na mesma pódios e os pontos da power stage, enquanto os outros ou têm problemas, ou cometem erros, ou não têm andamento constante. Mas no fundo a regra até funciona bem, dadas as circunstâncias. Cada rali anima-se mais, e no fim do campeonato o “melhor” acaba por ganhar na mesma (justamente, há que admitir). Mas ao menos obriga-o a fazer mais por isso e a arriscar mais.

Cariocecus
Cariocecus
7 anos atrás

Para mim a ordem de partida era decidida por sorteio no final de tarde antes de cada dia de rali, para evitar que a fava saísse sempre aos mesmos, os três primeiros pilotos do sorteio não poderiam voltar a estar nas primeiras três posições de partida nos próximos três dias de competição (sendo isto válido para ralis diferentes).

Cross_Road
Cross_Road
7 anos atrás

Esta história das penalizações existe em tanto lado, WTCC, DTM (lastro), o SuperGT também tem, os GT’s têm BOP, claramente prejudicando os super-desportivos como os McLaren e Ferrari que de nascença são muito mais rápidos que os Aston Martin ou Corvette, por exemplo. Esta é só uma nova ideia de prejudicar os melhores…Na F1 fazem igual, mas sai sempre furado (congelar o desenvolvimento de certas áreas, mudar as regras de 3 em 3 anos, mudar os motores, retirar as inovações que as equipas dominadoras tinham descoberto,etc)…enfim, vira o disco e toca o mesmo…

peudreot106rallye-220
peudreot106rallye-220
7 anos atrás

o meu jovem colega do lado (24 anos) está a dizer : “também é penalizante para mim ter nascido pobre e não poder comprar um carro quanto mais fazer ralis como o Ogier”…essas injustiças para mim são um “não assunto”. quando não havia estas regras, havia táticas para não se partir à frente no dia seguinte ou à tarde ou então para se partir à frente e deitar pó para os que vão atrás. bolas , nunca estão satisfeitos.

maxiumattack
maxiumattack
7 anos atrás

Uma analise um tanto ou quanto tendenciosa! Parece que o sr que escvreveu o artigo tem umas contas a ajustar com o Ogier!
É por demais evidente que esta regra de saida é demasiado penalisadora para quem vai á frente. Um dia ainda se compreende, agora tres quartos do raly a ser penalisado é um exagero na minha opiniao. De qualquer forma há ja mais de um ano que mesmo assim o vencedor na maioria das vezes, fruto do seu talento, é o mesmo!

Miguelgaspar
Miguelgaspar
7 anos atrás

Nao entendo, nem tao pouco concordo, com a ideia generalizada de que quem è a favor destas regras tenha que ter alguma coisa contra Ogier. Para mim o Ogier è simplesmente o piloto mais completo que se sentou num WRC, um piloto que alia rapidez com espectaculo, que anda bem em qualquer rali. No entanto, para o bem dos ralis, concordo com esta ordem de partidas ( aliàs ainda ia mais longe e seria o rali inteiro na ordem do campeonato e os que voltassem em Rally2 apenas saiam depois de todos, regionais incluidos). O problema do Ogier è que… Ler mais »

maxiumattack
maxiumattack
Reply to  Miguelgaspar
7 anos atrás

Ok, percebo o seu ponto de vista mas nao me refiro ao Ogier em particular, mas sim quem vai á frente! Ate escrevi no post anterior,” É por demais evidente que esta regra de saida é demasiado penalisadora para quem vai á frente.”
Por mais voltas que dê, nao consigo concordar seja no WRC, WTCC, WEC, DTM, etc, com o principio: Quem ganha é penalizado face aos outros! Naõ consigo mesmo!

rf0x
rf0x
7 anos atrás

Esta crónica é altamente tendenciosa e cheia de afirmações falsas e absurdas a começar por: “Em primeiro lugar, só não venceu na Argentina, porque Hayden Paddon foi mais forte, pois o francês chegou ao último troço apenas 2.6s atrás. Perdeu por 14.3s o rali.” Nestes 14.3s esqueceu-se de descontar o tempo perdido se não existisse determinada regra absurda de obrigar o líder do campeonato a abrir troços durante 2/3 de uma prova. Depois é um desenrolar de teorias relacionadas com o estado do tempo, investimento de equipas (gostava de ver os números, e não me acredito que o investimento actual… Ler mais »

kankkunenfan
kankkunenfan
7 anos atrás

Hoje em dia não há split time, ou seja, tácticas não iam existir. Mas gabo a paciência de quem leu esta pérola de texto, deve ter começado a ver ralis em 2014 já que introduzir o qualifying stage numa altura onde dominava um 9x campeão, deve fazer todo sentido. Essa de não ter ganho na Argentina está de mestre e por mais que falem em outras penalizações em outros desportos motorizados, no mundial de ralis, o preço a pagar foi sempre ter de abrir o primeiro dia. Havia a possibilidade de aumentarem a extensão da primeira etapa, mas foram tão… Ler mais »

maxiumattack
maxiumattack
Reply to  kankkunenfan
7 anos atrás

K violência! O “nosso” JLA vai ficar adormecido por uma tempos depois do seu post como resposta, mt bem escrito por sinal e com factos que negam as alarvidades escritas neste artigo por este senhor!
Como é possível escrever uma coisa destas e no fim assina lá com o nosso nome?

últimas Newsletter
últimas Autosport
newsletter
últimas Automais
newsletter