FIA vai impor regra para diminuir velocidade média no WRC

Por a 16 Fevereiro 2017 13:30

Parece um contra senso, mas a verdade é que a FIA depois de ter regulamentado World Rally Cars mais rápidos, agora vai impedir que os troços sejam demasiado… rápidos. Confuso? Faz sentido, mas a FIA vai reagir em vez de ter prevenido…

Tal como se esperava depois do que se passou no Rali da Suécia com a anulação de uma especial, a 12, a FIA vai atuar relativamente ao que considera ser médias excessivas em especiais do Mundial de Ralis. Recorde-se que na Suécia a FIA decidiu sugerir a anulação da segunda passagem pela especial de Knon, um troço com 31.60 Km, devido ao facto de na primeira passagem os WRC 2017 terem realizado médias de 135 Km/h ou acima como foi o caso de Ott tanak, vencedor do troço, que registou um valor de 137,80km/h.

A FIA considerou a especial rápida demais e por isso perigosa em caso de acidente. Este troço já não era utilizado desde 2003, e nessa altura o melhor, Markko Martin realizou uma média de 125 Km/h. Por aqui se vê a evolução da rapidez dos carros, e há uma questão que ficou no ar. Se sabiam que os carros são agora mais rápidos, porque a FIA não pediu, depois de vistoriar, alterações ao percurso?

Agora, a federação internacional está a considerar impor médias máximas de 130 Km/h nos troços. De acordo com declarações do diretor de Ralis da FIA, Jarmo Mahonen ao Motorsport: “Estes carros são muito mais rápidos, mas na especial que foi anulada até os carros anteriores (2016) fizeram médias acima de 130 Km/h. Este tipo de especiais ensina-nos que temos de ser mais firmes com as organizações que pretendam ter novos troços. Do nosso ponto de vista, especiais com médias acima dos 130 Km/h é demais e por isso precisamos de regras quanto a isso. Queremos que cancelamento desta especial seja uma mensagem a outros organizadores para pensarem bem nos seus troços. Queremos velocidades médias abaixo de 130 Km/h. Usem estradas mais lentas. É isso que tem de ser feito. Se calhar os organizadores estão a utilizar pilotos mais velhos para verificar as estradas sendo que estes não têm consciência da atual performance dos carros” disse Mahonen.

Esta é uma declaração espantosa, pois a FIA se há um área em que não pode fazer concessões nenhumas é na segurança e há uns anos, quando existia uma regra – que entretanto desapareceu – que impunha uma média máxima de 130 Km/h – em baixo colocou uma alínea que permitia uma exceção de 10%. Ou seja, impõem 130 Km/h porque é o seu limite do razoável e permitem uma exceção que pode elevar essa média para 143 Km/h. Não faz sentido.

Para além disso, há outra coisa que convém referir. É perfeitamente possível que num qualquer troço, por exemplo, com 20 Km, existam estradas rapidíssimas e perigosas em 90% da sua extensão e nos últimos 10% o troço é, imaginemos, como a descida da Rampa da Pena do troço de Sintra. Isto significaria que a média cairia drasticamente, e os 18 primeiros quilómetros do troço não deixariam de ser perigosos. Continuariam a sê-lo e no entanto a média ficaria dentro dos limites.

Não seria melhor as organizações evitarem ou trabalharem para minimizar os riscos nas zonas mais complicadas? Por exemplo, o que o ACP e as Câmaras Municipais parceiras fazem, que passa por colocar rails nos pontos mais complicados dos troços ou simplesmente evitar zonas demasiado perigosas. Isso já aconteceu no Rali de Portugal de 1992 quando se anularam bem antes da prova os 12 Km previstos inicialmente do troço de asfalto do Piódão.

Em resumo, a FIA fez bem em mudar para carros mais rápidos e espetaculares, atuando também na segurança destes, que é agora maior para os ocupantes, que têm ainda mais proteção, se calhar diretamente proporcional ao aumento da sua rapidez, mas agora tem que intervir em tudo o que gira à volta dos carros nos troços, a começar com os troços perigosos. Isto é algo que nunca será possível reduzir a zero, o perigo nos desportos motorizados nunca será reduzido a zero, mas podem perfeitamente diminuir drasticamente as possibilidades de haver troços demasiado perigosos para os pilotos, ou espectadores em risco. Haverá sempre zonas mais arriscadas, não é possível, sejamos francos, reduzir a zero as zonas arriscadas, porque senão não haveria estradas para fazer ralis. Mas pode minimizar-se os riscos…

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ze-do-pipo
ze-do-pipo
7 anos atrás

Ou muito me engano ou lá vêm os fardos de palha a fazer umas chicanes… e a “aparar” alguns “bigodes” aerodinâmicos.

Kimi Iceman
Kimi Iceman
Reply to  ze-do-pipo
7 anos atrás

Chicanes… provavelmente vão chamar o Tilke, quem sabe!

maxiumattack
maxiumattack
7 anos atrás

Só me apetece dizer arre fod***!!! Então andamos nós a gabar a FIA e o WRC porque ao contrario de quase todas as outras categorias de competição automóvel com o passar dos anos tornaram se uma seca, com regras parvas e carros monótonos (F1, WTCC, etc.), tornaram o WRC mais interessante! Carros mais radicais visualmente, com mais potencia e muito mais carga aerodinâmica e agora admiram se que os carros andam muito? queriam o que com as alterações feitas? O contrario? Mas se as organizações quiserem e muito fácil manter os troços rápidos com medias bem mais baixas, basta num… Ler mais »

Kimi Iceman
Kimi Iceman
Reply to  maxiumattack
7 anos atrás

Mas se formos a ver o WRC também se pode dizer que foi uma seca. Primeiro o Loeb com a Citroen a ganhar 9 seguidas e depois o Ogier com a Wolkswagen sem concorrência. Mas sim, comparado com a F1 e outros desportos FIA o WRC têm sido ao longo dos anos o menos aborrecido.

Binha
Binha
7 anos atrás

A verdade é que o WRC (desporto motorizado do povo)a 2 categoria mais valiosa para a FIA, iria este ano enxovalhar tal como o MotoGP a defunta artificial Fórmula 1, categoria primogénita da FIA. WRC há muitos anos que tem passado por um total desinteresse a todos os níveis e confesso que este ano estaria a começa finalmente ás origens, e aliás como todos se lembram os carros do Grupo B faziam concorrência á Formula 1 mas isso é outra interessante história… Enquanto estes senhores estiverem a dar por tudo para salvar uma Fórmula 1 que é aquilo que está… Ler mais »

carlos-moco
carlos-moco
7 anos atrás

Obviamente, como em tudo na vida é necessário ter bom senso. Se os carros estão bem mais rápidos então é necessário ter o cuidado de escolher PEC`S que não sejam demasiado rápidas e perigosas com as velocidades atingidas pelos carros. Bom senso! Uma estrada ladeada por árvores e/ou rios, desníveis acentuados de terreno, não é semelhante ao mesmo traçado com espaços livres e planos em volta da estrada. Ai ai o bom senso tem de fazer parte de tudo. Tem de haver quem arbitre, isto não pode ser escrito e cumprido em papel… Cada caso é um caso. Há humanos… Ler mais »

ZeCambota
ZeCambota
7 anos atrás

Mesmo 130km/h já é demais. Ralis não são provas de velocidade, são provas de rapidez, o que é uma coisa diferente.

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