Bizarrias na F1: Quês, porquês e histórias de falhanços…

Por a 4 Fevereiro 2024 10:35


Fórmula 1 teve a sua dose de bizarrias, como a que é ilustrada pela foto que vê. Houve um pouco de tudo, desde intervenções da polícia a suspeitas de suicídio. Fique a conhecer algumas das histórias dos ‘DNS’ – ‘did not start’.

Por exemplo o GP de San Marino de 1982: Dos 18 pilotos que fizeram a qualificação, um foi declarado pelos médicos com ‘não apto’ para correr e dois desistiram antes da largada, figurando nas estatísticas da F1 como ‘DNS’ – ‘did not start’, ou ’não partiram’. Não foram caso único, na F1 e noutras competições. Quer ficar a conhecer alguns casos bem bizarros, que sucederam no passado? Então, siga-nos…

Quando Valtteri Bottas, Kevin Magnussen e Daniil Kvyat ficaram impedidos de alinhar no GP da Austrália de 2015, mal sabiam que iriam juntar os seus nomes a Michael Schumacher, Juan Manuel Fangio ou Mario Andretti, para apenas citarmos alguns.

Primeiro, foi a Williams a anunciar que o seu piloto, na altura Valtteri Bottas, tinha magoado uma vértebra durante a qualificação e, no hospital, os médicos o tinham dado como incapaz para participar na prova. Depois, antes da corrida, Kevin Magnussen e Daniil Kvyat não conseguiram completar as suas voltas de reconhecimento, por causa de problemas nos seus carros – unidade motriz, no caso do McLaren e caixa de velocidades, no Red Bull do russo.

Ficou, assim reduzida a 15 carros a grelha de partida para a primeira corrida da temporada de 2015. Isso não acontecia desde o GP da San Marino de 1982, quando apenas 14 carros correram, mas então por causa de uma ‘greve’ de algumas equipas, que se opunham à FIA, então liderada por Jean-Marie Balestre.

Mas, na verdade, foram cinco os pilotos que ficaram de fora do GP da Austrália, pois os dois Manor nunca saíram das boxes, já que a equipa não trouxe para Melbourne um ‘software’ capaz de colocar a funcionar os motores Ferrari, deixando apeados Will Stevens e o estreante Roberto Merhi. ‘Desculpas’ antigas Não são de agora as ‘desculpas’, mais ou menos esfarrapadas, mais ou menos estranhas, que deixaram apeados alguns pilotos, ao longo dos tempos. Lembramos uma – no mínimo, curiosa. Trata-se de uma espécie de aperitivo para o que aí vem. Porque há mais…

F1. Nürburgring, julho de 1976. Depois da qualificação, os Brabham/Ford da RAM Racing de John McDonald, que deveriam ser pilotados por Rolf Stommelen e Lella Lombardi, foram apreendidos pela polícia, a pedido de Loris Kessel, que tinha sido piloto da equipa, mas tinha sido despedido após falhar a qualificação para o GP de França. E se, para a italiana, nada de mal veio ao mundo, pois tinha falhado a qualificação para a prova, já Stommelen pode con tinuar com um terceiro Brabham/Alfa Romeo oficial, terminando a corrida em 6º lugar e conquistando 1 ponto, mesmo sem ter rodado nos treinos com o carro, tendo feito o 15º tempo com o carro de McDonald

OTTO

O infeliz Otto Stuppacher

Otto Stuppacher foi um piloto austríaco que começou a correr com a ÖASC Racing Team ainda na F3, antes de tentar fazer algumas corridas de F1, em 1976, com um Tyrrell 007. A primeira vez foi no GP da Áustria quando, com o seu compatriota Karl Oppitzhauser, tentaram correr na prova, ele com o Tyrrell, o seu colega com um March 731. Nessa altura, foi-lhes recusada a entrada, apesar de uma petição dos outros pilotos a seu favor. Motivo: falta de experiência. Mas Stuppacher não desistiu e, três semanas mais tarde, lá estava ele, mais o seu Tyrrell, em Monza, pronto para o GP de Itália. Falhou a qualificação, mas os anjos estavam do seu lado, pois James Hunt, Jochen Mass e John Watson viram os seus melhores tempos retirados por usarem gasolina ilegal. Isso deu-lhe a grande oportunidade de largar para a prova, com o 26º e último tempo da grelha… mas o pobre do Otto teve que ficar a ver navios, pois já tinha voado, logo no sábado, para casa e não havia forma de regressar a tempo da corrida! Hunt agradeceu… Mas foi mesmo azar para Stuppacher pois, caso não tivesse ido para casa, teria mesmo participado na corrida, pois Arturo Merzario (queixava-se dos pneus) e Guy Edwards (tinha uma costela partida) acabaram por decidir não correr, ainda durante a manhã.

Teimoso, foi aos GP do Canadá e dos Estados Unidos, mas também aí as coisas correram mal, falhando sempre a qualificação: em Mosport, por 12,695s [1m12,389s, tempo da ‘pole’ de Hunt ‘contra’ 1m25,024s] e, em Watkins Glen, por 27,448s (!) [1m43,622s de Hunt ‘contra’ 2m11,070s], o que ainda hoje é um recorde. Poucas corridas fez depois disso e foi encontrado morto no seu apartamento de Viena, em 2001, aos 54 anos.

BOBBY-UNSER

A odisseia de Bobby Unser e Mario Andretti

Bobb y Unser (BRM P138) e Mario Andretti (Lotus 49B/Ford, da Owen Racing) estavam inscritos para o GP de Itália de 1968. Ambos participaram mesmo na primeira sessão de treinos, conseguindo a qualificação para a corrida, na cauda da grelha – mesmo se Andretti chegou a ter o 10º melhor tempo. Então, voaram para os States e, aí, correram numa prova do campeonato USAC [hoje IndyCar], em Indiana e, logo de seguida, tomaram de novo o avião, chegando a Monza durante a manhã, horas antes do GP começar. Para tal, fizeram uma autêntica ‘corrida’ desde Milão, com os ‘carabinieri’ à perna, ignorando os seus avisos para pararem… Mal, chegaram à pista, foram informados de que estavam excluídos do GP e não estavam autorizados a partir! A razão? Por terem feito outra corrida [no caso, a Hoosier Hundred, ganha por AJ Foyt e com ‘pole’ de Andretti] com menos de 24 horas de intervalo entre as duas… Bizarrias… Duas semanas depois, Unser – que venceu o campeonato USAC nesse ano – lá conseguiu enfim estrear-se na F1, no GP do seu país: desistiu pela 35ª volta, com problemas de motor. Foi a sua única corrida de F1.

REMOINHO

Um remoinho providencial

Não, desta feita não é uma história de um falhanço. No GP da Grã-Bretanha de 1979, quando estava a sair das boxes com o seu Arrows A1B, Jochen Mass apercebeu-se de um remoinho de vento que percorria a pista, pela trajetória precisa, limpando-a de detritos e dos ‘berlindes’ de borracha deixados pelos carros, entre Woodcote e Copse. Sem hesitar, o bom do alemão deixou-se ficar parado, mesmo à saída do ‘pit lane’, à espera que o ‘pé de vento’ fizesse o seu trabalho de limpeza, antes de regressar à pista. Infelizmente, de pouco lhe valeu esse gesto, pois desistiu logo a seguir, quando se partiu a caixa de velocidades do Arrows.

BRADZUL

O estranho caso de Josef Bradzil: Acidente ou suicídio?

O GP Masar yk de 1934, disputado numa pista provisória, com este nome, em Brno, Checoslováquia, foi palco de uma história que ainda hoje faz correr alguma tinta e nunca foi cabalmente explicada. Durante a primeira volta de treinos para a prova, um Maserati 6C saiu numa curva sem sequer travar e desfez-se contra as árvores ao lado. O piloto morreu instantaneamente. Na inscrição, tinha dado o nome de Josef Brázdil.

Mas ninguém sabia quem ele era. Nunca tinha corrido em nenhum lado e, por isso, tudo indica que o GP Masaryk seria a sua prova de estreia absoluta. Depois da sua morte, vieram ao de cima alguns pormenores – e, também, muita especulação. Josef afinal não se chamava Josef, mas sim Frantisek. A sua idade era, segundo uns, 25 anos, segundo outros, 35. Viveria em Bratislava, mas o local do seu nascimento permanece desconhecido. Aparentemente, ele e um amigo, chamado Stefan Marcis, que também vivia em Bratislava, tentaram colocar de pé um ambicioso projeto, por forma a que Brázdil se tornasse o primeiro checo a vencer o

principal GP do seu país. E nem o facto de nenhum deles ter experiência de competição prévia os demoveu.

Namorado de uma rica norte-americana, Marcis tê-la-á convencido a avançar com o dinheiro para comprar um carro para essa quimera. Brázdil preferia um Alfa Romeo, mas a moça foi até Bolonha e convenceu a Maserati a vender-lhe um 6C novinho em folha, igual aos dos pilotos de fábrica. Com um motor 3.5 de seis cilindros, o Maserati 6C era então um dos melhores monolugares de Grand Prix da época, ganhador nato, muito rápido, mas muito exigente em termos de pilotagem. A transação foi feita em ‘cash’. Depois de ter o carro, Brázdil contactou Monza, para fazer lá um teste. Não lhe deram autorização – porque era um perfeito desconhecido, sem qualquer palmarés anterior e porque tiveram muitas dúvidas de que os irmãos Maserati tivessem concordado em vender um carro como aquele a um sujeito que nunca antes tinha corrido em nenhum lado.

Mas, em Brno, os organizadores do GP Masaryk aceitaram a inscrição, responsabilizando-se pelo carro do Brádzil, que estava inscrito por Stefan Marcis. Brádzil começou então a apregoar alto e bom som que queria ser ele o primeiro checo a vencer a prova… Ninguém o levou a sério e muito menos acreditavam que ele iria estar ao volante de um daqueles carros… até a Maserati chegar ao circuito com dois 6C – um para Tazio Nuvolari, outro para Josef Brázdil. E foi então que as coisas se complicaram. Quatro dias antes da prova, agendada para 30 de setembro, Brázdil participou numa sessão de treinos livres, com os outros pilotos. E, apesar da sua condução errática e de afirmarem um certo receio em estar com ele na mesma pista, garantindo que Brázdil não era piloto para ‘aquele carro’, recebeu o ‘OK’ de todos para poder correr.

Duas horas depois da sessão, enquanto os mecânicos preparavam o Maserati para os treinos do dia seguinte, a polícia chegou às boxes e levou Brázdil preso, acusado de irregularidades fiscais – pensa-se que por não ter pago as taxas de importação do carro. Porém, alguém – não se sabe bem quem, mas pensase que a sua loira ‘patrona’ americana e namorada do seu amigo Marcis – pagou uma fiança, com a garantia de que, depois da corrida, Brázdil voltaria à prisão. E, na manhã seguinte, dia 27, ambos foram vistos, muito cedo, na pista.

Então, sabendo-se com pouca experiência, o piloto decidiu ir para a pista, para rodar o mais possível, antes da sessão oficial começar. Eram cerca das 8h00 da manhã. Brázdil fez uma primeira volta lenta e, então, começou a acelerar, até atingir o ritmo de corrida. Passou em voo na lomba de Zebetín, fez as triplas curvas de Hájenka sempre com o carro em ‘slide’, para gáudio e espanto dos espectadores no local – que depois contaram o que viram – e, a meio da reta de Ostrovacice, deixou as rodas do lado esquerdo ‘morderem’ a vala ao lado da estrada, onde na zona se faz uma rápida ‘não-curva’, a U Krize. Brázdil perdeu o controlo do Maserati vermelho, que embateu a mais de 200 km/h numa cerejeira, ficando destruído.

Os destroços bateram ainda noutra árvore, antes de levantarem voo e aterrarem num campo próximo, mas sem o piloto a bordo – que foi cuspido do ‘cockpit’, logo no primeiro choque, caindo pesadamente uns 20 metros mais além, próximo da parte de trás do carro. Com a espinha quebrada, Brázdil teve morte imediata. Minutos depois, começou a segunda sessão de treinos oficiais… O que sucedeu nunca foi cabalmente esclarecido e continua um mistério, aberto a todo o tipo de especulações. Que, entre outras coisas, dizem que foi um suicídio – a forma que Brádzil teve de não ir parar à prisão, de onde não sairia tão depressa, por não ter meios para pagar a dívida.

Ou, então, um ato de desespero, feito por amor à mulher que era a namorada do amigo, com quem estaria a viver um triângulo amoroso. A explicação mais lógica, contudo, é a de que o Maserati seguia mais depressa do que o aconselhado para o local do acidente, juntando-se a isso a parca experiência do piloto. Seja como for, na tabela de resultados do GP Masaryk de 1934 está: “Brázdil, Josef –Maserati 6C – DNS [Did not start], fatal accident”.

Untitled-1

GP de Provence de 1927: Uma prova bizarra

O GP de Provence [Grand Prix de Provence, pois GP ainda não queria dizer o que quer dizer hoje…] de 1927 foi uma prova, no mínimo, estranha. Para não dizer mesmo bizarra! Aliás, a imprensa da época chamou-lhe mesmo ‘Um Escândalo’ – e não era caso para menos. Aberta a carros com motores de 2, 3 e 1,5 litros de cilindrada, as chamadas ‘voiturettes’, bem como a ‘cyclecars’ [carros de três rodas], a corrida disputou-se em três mangas de qualificação e uma Final, na pista de Miramas. O escândalo começou ainda antes da prova se iniciar, quando a equipa Salmson (‘cyclecars’) decidiu não comparecer, arrastando consigo muitos privados e deixando apenas quatro carros competitivos em ação: toda a equipa Talbot (Alberto Divo, Jules Moriceau e ‘Williams’) e o solitário Delage de Robert Benoîst. Além disso, existia ainda um punhado de bons carros de pilotos privados, quase todos franceses.

Mas, no dia da corrida, uma chuva torrencial abateu-se sobre a região, obrigando os organizadores a sucessivos adiamentos da primeira manga, até ao meio-dia, quando a chuva parou de cair. Nessa altura, decidiram reduzir as mangas a cinco voltas (50 km). A primeira manga reuniu os carros com motores de 2 e 3 litros e foi ganha por Louis Chiron; a segunda foi com os carros com motores de 1,5 litros e foi dominada pelos Talbot. Todos os carros se qualificaram para a Final mas, nessa altura, a Talbot decidiu retirar os seus três carros, por as condições de segurança serem mínimas. Então, como que a provar isso mesmo, na terceira manga, Benoîst encontrou a pista bloqueada no final da reta principal e acertou em três carros, magoando-se numa perna; resultado, menos quatro participantes… Por isso, a Final viu Louis Chiron liderar com naturalidade, face ao pequeno Amilcar 6C de André Morel… até o público, enraivecido pelo que considerou uma charada, invadir a pista ao fim de apenas cinco voltas! Chegaram mesmo a invadir a zona das boxes e a destruir a boxe da Talbot, à procura dos pilotos que, felizmente, já lá não estavam… Foi a única vez que isso sucedeu, na História do desporto automóvel e o resultado da corrida foi declarado tendo em vista a classificação dos carros à altura da invasão.

INDY-2005

O GP da vergonha: Estados Unidos de 2005

Quando , depois da volta de aquecimento antes da partida, 14 carros se dirigiram para as boxes, estava a dar-se início a um dos mais vergonhosos GP da História da F1. Em, pista, ficaram somente seis monolugares: os dois Ferrari [Michael Schumacher e Rubens Barrichello], os dois Jordan [Tiago Monteiro e Narain Karthikeyan] e os dois Minardi [Christijan Albers e Patrick Friesacher]. A corrida, histórica pelos piores motivos, desenvolveu-se sem história – após uma breve escaramuça entre Schumacher e Barrichello, o alemão embalou para o seu 84º triunfo na F1, deixando atrás de si, por ordem natural, os outros adversários. Para Tiago Monteiro, sem dúvida o melhor dos ‘outros’, foi a subida ao seu primeiro e único pódio na F1. E a sua alegria quase esfuziante acabou criticada no ‘paddock’…

O seu colega de equipa foi 4º, na frente de Albers e Friesacher, tendo todos os pilotos ficado dentro da zona de pontos. E foi tudo! Mas o GP dos Estados Unidos de 2005 foi muito mais que um desfilar morno de seis monolugares. A confusão começou quando, nos treinos livres, Ralf Schumacher se despistou violentamente contra o muro da Curva 13, após explodir do pneu traseiro esquerdo. O alemão foi transportado ao hospital e acabou substituído, pelo resto do fim de semana, por Ricardo Zonta. A perplexidade da Michelin pelo sucedido – a banda lateral dos pneus não estava a resistir às enormes pressões exercidas durante a rápida e longa curva à direita – juntouse ao receio e, enfim, a muita politiquice, envolvendo as equipas que utilizavam os pneus franceses (Toyota, McLaren, BAR, Renault, Williams, Sauber e Red Bull) e a FIA.

Então, quando ficou claro que não havia pneus melhores e com garantias de serem seguros, as equipas decidiram não largar para a prova. Ficaram em pista somente as equipas com pneus Bridgestone, que não reportaram qualquer problema durante todo o fim de semana. E, para a História, ficou a mais longa lista de ‘DNS’ numa corrida de F1 – nada mais, nada menos, que 14 pilotos…

SABIA QUE

Teddy Pillette e Larry Perkins não participaram no GP da Argentina, que abriu a temporada de 1977 da F1, porque os BRM P207 que deveriam pilotar não chegaram a partir para aquele país. A razão? Foram metidos num contentor demasiado grande para caber no avião que os deveria levar até lá… … Em 1988, Stefan Johansson quase perdeu a volta de formação da pré-grelha para o GP do Brasil porque estava a dar vazão a uma…

necessidade natural urgente. Terminou-a tempo de saltar para dentro do ‘cockpit’ do Ligier JS31 e acabou a prova em 9º lugar.

… No GP des Frontières de 1954, que se realizou em Chimay, Viglielmo Matozza inscreveu um carro artesanal, baseado num Tatra. Mas perdeu tantas noites a tentar acabá-lo que, na véspera da prova, simplesmente ‘morreu’ de sono e adormeceu de tal forma que falhou os treinos e, claro, a corrida. O carro, que tinha o nome de VM Monoplace e um motor Tatra V8, nunca mais apareceu em qualquer outra prova.

… O britânico Bobby Bowes inscreveu-se no GP do Mónaco de 1930 com um Frazer Nash com o nº 30. No dia dos treinos, chegou ao circuito impecavelmente vestido, de fato e gravata e, ao ver os outros pilotos a acelerar por entre aquelas paredes em ruas tão estreitas, reconsiderou e chegou á conclusão de que aquilo não era para ele, desistindo mesmo antes de começar.

… Jacques Laffite falhou o GP dos Estados Unidos, que encerrou a temporada de 1975, porque, ao colocar pingos nos olhos, enganou-se e pôs líquido para limpar a viseira do seu capacete. Curiosamente, a sua colega de equipa, Lella Lombardi, cujo Williams FW04 não pegou com problemas de ignição, tentou usar o seu carro, mas não conseguiu fazê-lo, por não caber no ‘cockpit’!

… Não foi um falhanço, mas sim um… grande atraso: no GP do Canadá de 1993, Michael Andretti arrancou a três voltas do resto do pelotão, depois de ficar sem bateria em plena grelha de partida. Acabou-a em 14º, sem ter recuperado qualquer volta com o McLaren. … No polo oposto, mas no mesmo GP, em 1989, Alessandro Nannini e Nigel Mansell foram desqualificados mal começou a corrida, por terem saído do ‘pit lane’, na frente da grelha de partida, já formada, mesmo antes do semáforo ficar verde! … O norte-americano Bill Scott foi a Nürburgring, em 1970, para disputar uma corrida de Formula V, que fazia parte do programa do GP de F1. Mas não chegou a participar porque, quando seguia a pé na rua, foi atropelado por um carro ‘civil’.

… Narain Karthikeyan acabou por não correr na única vez que fez as 24 Horas de Le Mans, em 2009. Então integrado na equipa de Colin Kolles, o indiano deslocou um ombro ao cair quando saltava o muro das boxes para ir à casa de banho, minutos antes do início da prova. Estava escalado para fazer um primeiro turno duplo, mas os médicos do ACO não o consideraram apto para isso, ao contrário dos da própria Audi. O seu carro – o Audi R109 TDI com o nº 7 – terminou a prova em 7º lugar, pilotado apenas por Charles Zwolsman Jr. e Andre Lotterer.

… Ainda em Le Mans, a marca britânica Jensen inscreveu-se pela primeira e única vez nas 24 Horas, mas acabou por não alinhar. A razão foi simples – e triste: o seu piloto principal, Leslie Johnson, que fez o primeiro GP de F1 do Mundial [GB 1950], teve um ataque cardíaco fulminante, duas semanas antes da corrida. Tinha 47 anos. … Ian Scheckter foi impedido de participar no GP do Japão de 1977 [com um March 771 do Team Rothmans International] porque foi detido e expulso do país, ainda no aeroporto, porque só tinha um visto de turista e porque o Japão não aprovava o regime de ‘apartheid’, então em vigor no seu país, a África do Sul. Nunca mais fez nenhum GP de F1.

… Howard Omar Wilcox, que corria com o nome de Howdy Wilcox II para se diferenciar de Howdy Wilcox, que venceu a prova em 1919, qualificouse para as Indy 500 de 1933, mas foi impedido de alinhar pelos comissários, que alegaram problemas de saúde do piloto, decorrentes da sua situação de diabético. Os outros pilotos tentaram impedir a decisão, mas o seu carro acabou por ser conduzido por Mauri Rose, que assim se estreou na prova que viria a vencer por três vezes [1941, 1947 e 1948]. Quanto a Wilcox, deixou as corridas e morreu ao dar a bandeira de xadrez a um piloto, em 1946, numa prova no Indiana. Tinha 41 anos.

…Grant Adcox não alinhou na Talladega 500 de 1975 porque o seu chefe de equipa, Gene Lowell, sofreu um ataque cardíaco a 10 de agosto, quando trabalhava no seu carro, na oficina da equipa. Isso permitiu que Tiny Lund, que era o primeiro suplente nos treinos, entrasse na corrida no seu lugar, mas sofreu um acidente logo no início da prova, debaixo de chuva, não resistindo aos ferimentos. Anos mais tarde, também Adcox viria a sucumbir a um acidente numa corrida, em Atlanta.

… No final de 1964, Jim Clark participou numa ação promocional, em Cortina d’Ampezzo, com o seu Ford Cortina Lotus. Mas, numa luta de bolas de neve com os jornalistas, caiu e magoou as costas, ficando por isso impedido de tomar parte no Rand Grand Prix, corrida de F1 que habitualmente encerrava a temporada sulafricana, mas não contava para o Mundial.

Moises Solana decidiu não participar no GP do México de 1962 depois dos treinos, reclamando que o seu Cooper-BRM era demasiado lento … Juan Manuel Fangio não largou para o GP de Cuba de 1958 porque, na noite anterior, tinha sido raptado, no seu hotel, por guerrilheiros apoiantes de Fidel Castro, que o mantiveram em cativeiro e o libertaram somente depois da corrida terminar.

… Jo Siffert abandonou uma corrida de ‘Sport’, na Alemanha, para participar no GP de Roma de 1963. Mas a sua equipa, a Ecurie Filipinetti ficou tão chateada com o piloto, que conseguiu, junto do clube automóvel suíço, que lhe fosse negado o visto para viajar para a Itália e, dessa forma, Siffert não correu nem em Roma, nem na Alemanha.

… O italiano Piero Necchi não alinhou na corrida do Europeu de F2 de 1979, em Misano, com o seu AMS 279, porque se envolveu num cena de pugilato com os comissários, após os treinos, quando estes o tentaram convencer, algo desabridamente, a abandonar o monolugar, parado num local perigoso, com um problema elétrico. Segundo Necchi, um dos comissários puxou-o com tanta força por um braço que o magoou e, então, respondeu com um ‘punch’ demolidor…

… Michael Schumacher foi impedido de alinhar para o GP de França de 1996 quando, depois de fazer a ‘pole position’, viu explodir de forma espetacular o motor do seu Ferrari, em plena volta de aquecimento.

… Em 1988, Barry Jones não alinhou numa prova do campeonato AMSCAR, em Amaroo Park porque, mesmo antes da partida para a primeira manga, foi informado de que estava tudo preparado, no hospital, para o transplante de rim de que estava à espera.

… Alain Menu faltou a toda uma sessão de testes para o campeonato de F3 britânico, em 1988, porque, quando os seus mecânicos se dirigiam, com o camião que transportava o monolugar, um Ralt/Toyota, para Silverstone e pararam para comer numa tasca à beira da estrada, houve uma evasão de detidos na prisão local, que simplesmente decidiram ‘gamar’ o camião, com tudo o que lá estava dentro, para fugirem dali. O bom do Menu, sem saber de nada, viajou para Silverstone, mas não encontrou vestígios da sua equipa… Quanto ao camião, foi encontrado abandonado, mas intacto, num parque industrial


A estúpida última corrida da Connew

CONNEW
A estúpida última corrida da Connew

A Connew Racing Team foi uma equipa britânica formada em 1972 por Peter Connew e que só fez um chassis, o PC1. Com ele, François Migault falhou a qualificação para o GP da Grã-Bretanha e desistiu no da Áustria,

em 1972. E, ainda nesse ano, voltou a falhar a qualificação para a Rothmans 50.000, uma prova de Formula Libre que teve lugar em Brands Hatch. Foi nesta pista, mas a 22 de outubro, na Victory Race, uma prova

extra mundial de F1 que tradicionalmente encerrava a temporada daquela categoria, que teve lugar a última corrida de F1 para o chassis PC1. No ano seguinte, Peter Connew trocou o Ford por um Chevy V8 e, primeiro

com Pierre Soukry e depois com Tony Trimmer, fez (ou melhor, tentou fazer…) três corridas do Europeu de F5000, antes de desaparecer do ‘mapa’. Mas vamos à Victory Race. Depois do motor ter rebentado durante a Rothmans Race, em agosto, a equipa viu-se sem dinheiro para comprar outro motor. Foi então que chegou David Purley, com o dinheiro da empresa do pai, a LEC, que fazia frigoríficos e aparelhos de refrigeração e ar condicionado. Purley pagou para reconstruir o carro e pintá-lo com as cores da LEC e, desta forma, inscreveu-se para a Victory Race, recebendo o nº 22. Na prova anterior, Purley tinha levado um enorme susto, quando o acelerador do seu March ficou preso, a fundo. Para que isso não voltasse a suceder, insistiu para que a Connew pusesse um botão no volante que, ligado por um fio à bateria, desse para desligar o motor, caso algo de semelhante voltasse a suceder. Apesar das dúvidas e da surpresa, a equipa acedeu e pôs lá o tal botão. Só que, durante a volta de formação, enquanto Purley ia fazendo as curvas e virando o volante, o fio, que deslizava pela coluna abaixo, antes de desaparecer nas ‘entranhas’ do carro, desligou-se algures… e o motor morreu! E o bom do Purley ficou parado na pista… a assistir à corrida…

Subscribe
Notify of
1 Comentário
Inline Feedbacks
View all comments
sr-dr-hhister
sr-dr-hhister
7 anos atrás

últimas AutoSport Histórico
últimas Autosport
autosport-historico
últimas Automais
autosport-historico