Como vivem as equipas de F1


Competir no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 aumentou significativamente de custo no inicio do ano passado, devido à introdução das novas Unidades Motrizes. Enquanto os velhinhos V8 custavam às equipas que os compravam entre oito e dez milhões de Euros, o custo dos novos propulsores varia entre 18 milhões de Euros – valor cobrado pela Mercedes – e 23 milhões de Euros (Ferrari) com a Renault a oferecer um preço intermédio – 20 milhões de Euros.

Ao mesmo tempo, no entanto, as equipas assinaram novos acordos comerciais com o Formula One Group – não existe mais a figura do Pacto da Concórdia, porque cada Fórmula 1 tem acordos individuais sem conhecimento do que os outros assinaram – garantindo um aumento significativo dos seus prémios em dinheiro, mas de forma nada equitativa. Ao assegurarem acordos muito mais vantajosos do que qualquer das outras equipas, a Ferrari e a Red Bull ficaram com a certeza de receberem pelo menos 150 milhões de Euros até em caso de temporadas desportivamente muito negativas.Em contrapartida, as equipas mais pequenas não tiveram a capacidade de pressionarem Ecclestone no sentido de garantirem acordos assim tão vantajosos, mas, ainda assim, mesmo terminando apenas no décimo lugar do Mundial de Construtores, têm garantidos um encaixe mínimo de 50 milhões de Euros. Isso quer dizer que o custo das Unidades Motrizes representa 40 por cento do mínimo que podem receber em prémios, mas com o numero de telespectadores a baixar, as dificuldades para garantir patrocinadores aumentaram bastante, complicando a vida das equipas da segunda metade do pelotão. Como o resto dos custos – salários, custos logísticos com mais e longínquos Grande Prémios, equipamento, R&D e CFD, entre outros – continuaram a aumentar em 2015, o que quer dizer que hoje em dia é bastante mais dispendioso participar no Mundial de Fórmula 1 do que há cinco anos, quando três novas equipas – Lotus Racing, Virgin Racing e Hispania – se juntaram à categoria. não se pode estranhar, por isso, que duas dessas três equipas já tenham desaparecido do mapa e que a terceira já vá na sua terceira existência, fazendo pouco mais do que sobreviver por não ter capacidade para competir com as equipas mais antigas.Quando se olha para os orçamentos das diversas equipas percebe-se que é virtualmente impossível quantificar quando gasta a Mercedes na Fórmula 1, pois boa parte do investimento feito no desenvolvimento da Unidade Motriz alemã é feito na base da marca em Estugarda e não entra nas contas da equipa de Fórmula 1. De qualquer maneira, juntando-se o que as unidades que se ocupam do chassis e especificamente do motor gastam, em Brackley e Brixworth respetivamente, chega-se à conclusão que a Mercedes gasta 380 milhões de Euros por ano na Fórmula 1. Mas como recebe 54 milhões de Euros pelas Unidades Motrizes compradas pelos seus clientes (Williams, Lotus e Force Índia), o custo estimado da sua operação é de 326 milhões de Euros.Recebendo 141,5 milhões de Euros em prémios do FOG, a Mercedes também garante cerca de 120 milhões de Euros dos seus patrocinadores e parceiros, o que quer dizer que os restantes cerca de 65 milhões de Euros que gasta vêm do orçamento de marketing da marca alemã.

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UM PELOTÃO DESIGUAL


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FERRARI COM LUCRO


A Ferrari é a equipa com o segundo orçamento mais elevado, despendendo 350 milhões de Euros, mas recuperando 46 milhões por via da venda das suas Unidades Motrizes à Sauber e à Manor. Mas apesar de ter um orçamento tão amplo, a Ferrari consegue não só não gastar um centavo na Fórmula 1 como até ter um lucro muito apreciável. Em primeiro lugar, os italianos são quem mais recebe em prémios monetários, levando para casa este ano nada menos do que 185 milhões de Euros, graças ao acordo muito vantajoso que celebraram com Ecclestone há pouco mais de dois anos. Depois, por serem a marca mais famosa da competição automóvel, também conseguem garantir mais de 150 milhões de Euros anuais em patrocínios, o que lhes garante um lucro liquido de 31 milhões de Euros.

É por isso que a Ferrari não tem problemas em ser a equipa que mais gasta nos salários dos seus dois pilotos titulares e se mostra extremamente frustrada por não poder testar em Fiorano, pois tem dinheiro em caixa para gastar em testes, mas não o pode utilizar para aumentar a competitividade dos seus monolugares.O terceiro orçamento mais elevado da Fórmula 1 é o da Red Bull Racing, que gasta 280 milhões de Euros para competir nos Grande Prémios, incluindo um pagamento de 12 milhões de Euros à Renault, pois a associação entre as duas marcas não representa uma parceria completa. Duma forma que deixou as restantes equipas bastante insatisfeitas, Dietrich Mateschitz negociou com Ecclestone um elevadíssimo pagamento anual com base em resultados históricos (mais do dobro do que a McLaren ou a Williams recebem apesar de terem muito mais história que a RBR…) e isso, juntamente com o segundo lugar no Mundial de Construtores do ano passado, faz com que a equipa de Milton Keynes receba, em 2015, cerca de 175 milhões de Euros em prémios. A isso juntam-se patrocínios no valor de cem milhões de Euros, o que quer dizer que a marca de bebidas energéticas só gasta cinco milhões de Euros este ano para se promover de forma bastante eficaz – um verdadeiro negocio da China para Mateschitz, que investiu muito durante anos a fio mas há pelo menos cinco anos que está a rentabilizar de forma muito eficaz esse investimento inicial.

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HISTÓRICOS MAL PAGOS

Em contraste com a Red Bull, a McLaren e a Williams são extremamente mal pagas por Ecclestone, recebendo menos de 40 por cento, em prémios fixos, do que o inglês paga aos austríacos, apesar de terem um historial muito mais rico que a equipa de Mateschitz. Uma consequência de problemas políticos, pois Ecclestone não gosta de Ron Dennis nem apreciava Martin Wtihmarsh, que negociou o acordo, e chegou ao ponto de exigir – e obter… – a cabeça de Adam Parr para integrar a Williams no grupo restrito de equipas que recebem um prémio fixo anual.

Uma coisa é certa: os maus resultados da McLaren-Honda desde o inicio do ano não se devem a falta de meios, pois a equipa de Woking trabalha com um orçamento de 250 milhões de Euros, recebendo gratuitamente os motores Honda. Mas a falta de patrocinadores, pela recusa em baixar o preço exigido por cada posição nos monolugares, também obriga os japoneses a complementar o orçamento da equipa, pois desde o inicio do ano passado que os sócios árabes de Ron Dennis se recusam a colocar mais dinheiro na McLaren – numa altura em que tentam desesperadamente encontrar quem compre as suas ações.Quinta classificada no Mundial de Construtores nos últimos dois anos, a McLaren receber, este ano, 110 milhões de Euros em prémios, a que se juntam 80 milhões de Euros dos seus patrocinadores e parceiros. Isso deixa um buraco de 60 milhões de Euros que a Honda está a colmatar, valor que vai aumentar em 2016 pois a classificação da equipa no Mundial de Construtores vai piorar este ano.Já a Williams adaptou-se aos tempos mais difíceis que se vivem e compete com um orçamento de 175 milhões de Euros, 18 dos quais são para pagar à Mercedes pelas Unidades Motrizes, ficando a meio caminho entre as equipas ricas e o resto do pelotão o terceiro lugar conquistado no Mundial do ano passado permite que a equipa de Sir Frank receba 117 milhões de Euros em prémios. Apesar dos dois patrocinadores principais pagarem pouco pelas posições que ocupam – a Martini & Rossi gasta apenas 12 milhões de Euros e a Unilever paga pouco mais de sete milhões – a equipa de Grove recebe cerca de 65 milhões de Euros em patrocínios (a Petrobrás paga dez milhões e a Wihuri outros oito, por exemplo – o que já lhe garante um lucro operacional que poderá ser aumentado caso a equipa repita o terceiro lugar no Mundial de Construtores, pois os dois patrocinadores principais estão obrigados a pagar bónus bem interessantes nesse caso.Já a Toro Rosso representa um caso aparte, pois vive sem sobressaltos graças aos contributos dos seus accionistas. Com um orçamento de 125 milhões de Euros, incluindo o pagamento de 20 milhões à Renault, a equipa italiana recebe, este ano, 66 milhões de Euros em prémios, enquanto os dois patrocinadores que são propriedade do Grupo Aabar – Cepsa e Nova Chemicals – pagam 35 milhões de Euros. A esses patrocínios juntam-se a Sapinda (oito milhões) e a cerveja espanhola Galicia (quatro milhões), ficando os restantes 12 milhões por conta da Red Bull para completar o orçamento.

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COM O CREDO NA BOCA

Já o resto do pelotão vive em claras dificuldades económicas, consequência directa das equipas terem sido deixadas de fora do grupo que recebe prémios fixos e não terem, ao contrario da Toro Rosso, accionistas com bolsos fundos. A Force India trabalha com um orçamento de 110 milhões de Euros, dos quais 18 milhões são para pagar à Mercedes. Os bons resultados obtidos nos últimos dois anos – sexto lugar no Mundial de Construtores – garantem á equipa de Vijay Mallya prémios no valor de 74 milhões de Euros, enquanto a contribuição dos patrocinadores mexicanos que apoiam Sérgio Pérez vale outros 20 milhões, ficam, assim, a faltar 16 milhões de Euros que noutros tempos foram facilmente preenchidos pelas empresas de Mallya e Roy Subrata, mas os dois indianos estão em sérias dificuldades, com Mallya a perder quase por completo o controlo do que já foi um poderoso grupo económico, enquanto o ainda dono do Grupo Sahara está preso por dividas há quase um ano e meio. Como os restantes patrocinadores e parceiros pouco contribuem para o orçamento da equipa de Silverstone, as dividas acumulam-se e o saldo anual vai ser claramente negativo.

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A Lotus também está em situação complicada, até por ter uma folha salarial com mais de 400 funcionários e trabalhar com um orçamento de 125 milhões de Euros. Os maus resultados obtidos no ano passado implicam que a equipa de Gérard Lopez só vai receber 62,7 milhões de Euros este ano em prémios, enquanto dos 40 milhões que a PDVSA paga para ter Maldonado na equipa, só dois terços chegam aos cofres da escudaria, ficando o resto pelo caminho, em comissões. Isso quer dizer que entre prémios e patrocinador principal a Lotus recebe 89,4 milhões de Euros, ficando 25,6 milhões abaixo do seu orçamento. Felizmente este ano e equipa comercial, liderada por Federico Gastaldi, tem conseguido encontrar alguns patrocinadores interessantes, garantindo mais de 20 milhões de Euros, com o restante a ficar por conta da Genii Capital. Mas as dificuldades de tesouraria desta têm implicado atrasos nos pagamentos a fornecedores com os resultados que se conhecem.

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Também a Sauber vive momentos difíceis, uma constantes desde que Peter Sauber recuperou a sua equipa à BMW. Apenas décima classificada no Mundial do ano passado a equipa suíça só recebe 55 milhões de Euros de Ecclestone, a que se juntam 40 milhões de Euros dos seus patrocinadores (20 de Ericsson, 15 de Nasr e cinco em desconto pelos Ferrari V6 por ter Marciello como terceiro piloto). Mas com um orçamento de 110 milhões de Euros, faltam à Sauber 15 milhões de Euros para não aumentar a sua já enorme divida e dada a incapacidade do seu departamento comercial para encontrar patrocínios, a situação é verdadeiramente dramática.

Por fim temos a Manor, que é um caso aparte, pois participa neste Mundial sem, verdadeiramente, competir. Recebendo 58,7 milhões de Euros em prémios, a equipa de Stephan Fitzpatrick trabalha com um orçamento de 70 milhões de Euros. Will Stevens garante um patrocínio de seis milhões de Euros (pago pela sua família), enquanto os restantes 5,3 milhões de Euros estão a ser investido pelo proprietário irlandês, que tenta diminuir os seus custos atraindo alguns pequenos patrocinadores, já que Mehri e Leimer não pagam para pilotar os Manor-Ferrari.

Como se pode ver os valores necessários para competir na Fórmula 1 aumentaram imenso nos últimos cinco anos, o que torna muito complicada a vida das equipas da segunda metade do pelotão, estamos muito longe dos 45 milhões de Euros que a FIA queria impor como tecto orçamental em 2010, mas é evidente que com a esperada queda do valor dos prémios, pois estão indexados ao lucros e estes deverão baixar já este ano, a que se junta a dificuldade em encontrar patrocinadores, alguma coisa vai ter de ser rapidamente imposta pela Federação para se evitar a rápida falência de um terço do pelotão.

 

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Ferrari e Red Bull recebem maior quinhão
Não passa um Grande Prémio sem que os responsáveis de equipas como a Force India, Lotus ou Sauber falem da importância de garantir uma boa colocação no Mundial de Construtores, para assegurar o futuro das respectivas escudarias. Isso acontece porque os prémios monetários representam uma percentagem cada vez mais importante do orçamento das equipas da segunda metade do pelotão – excepção feita à Toro Rosso – que dependem desses prémios para sobreviverem.

AUTOSPORT: No gráfico que apresentamos é possível ver em detalhe quanto é que cada um dos concorrentes ao Campeonato do Mundo de Fórmula 1 recebe este ano em prémios monetários e fica bastante claro que as cinco equipas mais pequenas dependem bastante dos resultados obtidos em pista para garantirem uma maior fatia para o ano seguinte.

Para trás ficou uma estrutura de pagamento que implicava pagamentos fixos com base nos resultados em qualificação, ao quarto, meio e três quartos da distancia de cada Grande Prémio bem como do resultado de cada corrida. Actualmente existe um prémio fixo para os dez primeiros do Mundial de Construtores (este ano esse prémio representa 42,7 milhões de Euros para cada equipa), enquanto o Campeão – neste caso a Mercedes – garantiu 81,1 milhões de Euros pelo seu triunfo em 2014, a Red Bull (segunda classificada) recebe 68.3 milhões e a Williams, que foi a terceira colocada, 55,5 milhões.

Pelo gráfico percebe-se a importância que as equipas da segunda metade do pelotão dão à luta pelo quinto lugar no Mundial (que valeu este ano 42,7 milhões de Euros), pois essa colocação dá-lhes mais 4,3 milhões de Euros do que terminar no sexto posto. E a diferença do sexto lugar (38,4 milhões de Euros) para o sétimo posto é ainda maior, pois representa 8,5 milhões de Euros, quase dez por cento do orçamento duma equipa pequena.


Mas a diferença entre as equipas “grandes” e as outras está no facto de quem se comprometeu a ficar no Mundial de Fórmula 1 até ao final de 2020 tem direito a um prémio suplementar fixo, que cada equipa negociou em separado. A Ferrari, por exemplo, tem garantidos cinco por cento dos lucros anuais do FOG (90 milhões de Euros este ano) e, por isso, negociou uma fatia extra de “apenas” 21,2 de Euros, o que quer dizer que se juntarmos isso aos 42,7 milhões que são entregues a cada uma das equipas, já arrancou para 2015 sabendo que iria receber 153,9 milhões de Euros em prémios, independentemente dos seus resultados em pista no ano passado.

Já a Red Bull foi quem fez o melhor negocio se levarmos em conta que é uma equipa com apenas onze anos de participação no Mundial. Por razões que as outras equipas desconhecem, Ecclestone aceitou pagar 78,9 milhões de Euros anuais (dependendo dos lucros) à equipa de Mateschitz, enquanto a McLaren só conseguiu garantir 34,6 milhões de Euros, ficando a Mercedes e a Williams – que foram as últimas a assinar até 2020 – com direito a 30 milhões de Euros cada uma. E este é o valor que Ecclestone está disposto a oferecer à Renault caso esta acabe mesmo por readquirir a equipa Lotus.

AUTOSPORT: São estes bónus que marcam a enorme desigualdade entre as equipas, pois mesmo que uma Force Índia ou Lotus ganhasse o Mundial de Construtores, iriam sempre receber menos que a Ferrari ou a Red Bull desde que estas terminassem o ano entre as dez primeiras colocadas.

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NÃO SÓ OS PONTOS DÃO DINHEIRO

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O termo “piloto-pagante” vulgarizou-se nos anos 70 para denominar aqueles que só chegavam à Fórmula 1 graças a generosidade dos seus patrocinadores, pois não tinham nem talento nem palmarés para serem pilotos de Grande Prémio. Jean-Denis Deletraz foi um dos últimos representantes dessa “raça” quando participou em dois Grande Prémios com a Pacific Grand Prix numa altura em que a equipa lutava pela sobrevivência no final de 1995 e quando o dinheiro do suíço acabou, Keith Wiggins, o patrão da escudaria, explicou que, “ele ficou sem patrocínios e não estávamos preparados para o manter com base no seu talento…”

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Nessa altura equipas como a Pacific, Simtek ou Forti sobreviviam com enormes dificuldades, mas a situação estabilizou nos últimos 20 anos e só agora estamos a regressar à mesma situação económica para a segunda do plantel, mas mesmo assim não existem pilotos sem talento na Fórmula 1 actual. Muitos, no entanto, têm de garantir patrocínios quando assinam com as equipas da segunda metade do pelotão (exceção feita à Toro Rosso), mas até na Williams foi necessário a Valtteri Bottas trazer oito milhões de Euros da Wihuri para evitar sobressaltos.

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Sendo certo que pagam bem para estar na Fórmula 1, será justo denominar Pastor Maldonado, Sérgio Pérez ou Felipe Nasr como “pilotos pagantes”? O venezuelano venceu o campeonato de GP2 em 2010 e ganhou o G. P. de Espanha dois anos mais tarde, o que demonstra o seu talento, mas é inegável que os 40 milhões de Euros que a PDVSA gasta por ano na sua carreira têm ajudado muito a mantê-lo na Fórmula 1. Pérez garante 20 milhões de Euros à Force Índia, mas ganhou corridas na GP2 e foi vice-campeão da categoria, o mesmo se passando com Felipe Nasr, que contribui com 15 milhões de Euros para o orçamento da Sauber – enquanto Ericsson garante 20 milhões anuais aos suíços.

Dados os resultados obtidos nas categorias de promoção, pode argumentar-se que mesmo que nenhuma equipa de Fórmula 1 necessitasse de pilotos com apoios os três latino-americanos teriam acabado por chegar aos Grande Prémios, dados os resultados obtidos na GP2, mas também se poderá defender que outros como Luca Filippi, Davide Valsecchi, Sam Bird, James Calado, Fábio Leimer ou os portugueses Álvaro Parente e António Félix da Costa teriam merecido igual oportunidade.


Escuderias pequenas dependem

dos seus apoios

Quando os

pilotos salvam

as equipas

 

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Fernando Alonso está a viver a pior temporada da sua carreira na Fórmula 1, pelo menos desde 2003, mas há uma classificação em que a liderança do espanhol está garantida até ao final do ano: a da tabela dos salários dos pilotos. O piloto da McLaren já era o segundo mais bem pago quando Michael Schumacher estava em atividade, pois recebia 30 milhões de Euros por ano na Ferrari, mas conseguiu um contrato ainda melhor com a equipa de Ron Dennis para cimentar a sua liderança nesta classificação, até porque Vettel ficou com o seu antigo salário. Mas o espanhol vai perder esta liderança no próximo ano, pois o novo contrato de Lewis Hamilton com a Mercedes vale, segundo fontes britânicas, 36 milhões de Euros por ano, o quer dizer que até ao final de 2018 o Campeão do Mundo vai amealhar 108 milhões de Euros, mais o que garantir em bónus, livres de impostos ou comissões, pois vive no Mónaco e já não tem agente que se ocupe dos seus assuntos, ao contrario do que acontece com Alonso.

AUTOSPORT: COs salários são a parte mais importante das receitas dos pilotos, mas não são a sua única fonte de rendimentos. Isto porque os pilotos que estão nas quatro equipas mais abastadas do plantel também têm nos seus contratos bons bónus por se classificarem entre os três primeiros do Mundial de Pilotos: Segundo fontes italianas, a vitória no Mundial pode valer mais cinco milhões de Euros a um piloto da Scuderia, com Vettel ou Raikkonen a receberem dois milhões pelo vice-campeonato ou um milhão a mais se terminarem o ano no terceiro posto. Já na Mercedes os bónus são bastante inferiores, ficando-se em dois milhões de Euros pelo título, um milhão pelo segundo lugar e meio milhão pelo terceiro lugar.

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Como se pode ver pela lista que publicamos, existe um verdadeiro abismo entre o que ganham os quatro pilotos mais bem pagos e o resto do plantel, com Rosberg em posição intermédia entre os dois grupos. E também salta á vista que a Red Bull tem bastante mais dinheiro disponível para desenvolver o seu monolugar, apesar de Daniel Ricciardo ter visto o seu salário aumentar de 1,5 para seis milhões de Euros, porque Kvyat (1,5 milhões de salário) ganha muito menos do que os 22 milhões que Vettel cobrava no ano passado.Mas o salário dos pilotos também pode baixar abruptamente, como aconteceu com Jenson Button, forçado a aceitar um corte de 50 por cento no seu ordenado para se manter na McLaren. Isto porque Ron Dennis fez tudo o que estava ao seu alcance para que o inglês recusasse a renovação do contrato, pois necessitava desesperadamente de manter Magnussen para garantir um sócio dinamarquês que lhe permitisse ver-se livre de Mansour Ojjeh e da família real do Bahrein. Só que os árabes foram avisados da sua estratégia, deram ordem para manter Button e como este aceitou passar a receber seis milhões de euros anuais, Dennis perdeu mais esta batalha.Para alem dos seus salários os pilotos têm, na maior parte dos casos, patrocinadores pessoais, gerem os seus direitos de imagem, cobram por aparições em eventos ou promovem produtos, o que torna virtualmente impossível contabilizar todos os seus rendimentos. Outros recebem boas comissões pelos patrocínios que levam para as suas equipas e o exemplo mais lucrativo é o de Pastor Maldonado, que segundo fontes da Lotus, fica com um terço do patrocínio que a PDVSA entrega à equipa de Enstone – uns muito apetecíveis 13,3 milhões de Euros que se jutam ao seu salário oficial de três milhões.Outra forma de poupar dinheiro é a de não ter agentes que negoceiem os contratos pelos pilotos, ficando com comissões, o que significa que pilotos como Vettel, Hamilton, Rosberg e Ricciardo – que só usam advogados para tratar dos detalhes finais dos contratos que eles próprios negoceiam – ficam com tudo o que conseguem amealhar, enquanto Fernando Alonso, por exemplo, tem de pagar uma pequena comissão a Luís Garcia Abad e ainda tem de deixar uma boa quantia anual a Flávio Briatore, o que corta os seus rendimentos brutos em cerca de 20 por cento.

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Os salários na F1


OS SALÁRIOS DOS PILOTOS

(em milhões de euros)Fernando Alonso – 32

Sebastian Vettel – 30

Lewis Hamilton – 24

Kimi Raikkonen – 22

Nico Rosberg – 14

Felipe Massa – 6

Jenson Button – 6

Daniel Ricciardo – 6

Valtteri Bottas – 4

Nico Hulkenberg – 4

Sérgio Pérez – 3

Romain Grosjean – 3

Pastor Maldonado – 3

Daniil Kvyat – 1

Marcus Ericsson – 0,3

Felipe Nasr – 0,3

Max Verstappen – 0,25

Carlos Sainz Jr. – 0,25

Will Stevens – 0,15

Roberto Mehri – 0,1.

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Para alem de alguns pilotos, só os técnicos ou gestores mais capazes – seja do ponto de vista técnico, seja na forma como se vendem às equipas – saem da Fórmula 1 com fortuna acumulada. Das cerca de 65 pessoas que cada equipa pode levar para cada Grande Prémio (não contando com os que trabalham no marketing ou receção de convidados – que elevam para perto de cem o efectivo das equipas da frente) contam-se pelos dedos das mãos os que ganham salários milionários. Os outros – a grande maioria – tem de preocupar-se com os empréstimos contraídos para comparem casa, com as mensalidades das escolas dos filhos, enfim, com as despesas normais que ocupam as preocupações do cidadão com emprego mais tradicional.

AUTOSPORT: É por isso que quando uma equipa de Fórmula 1 fecha as portas existem verdadeiros dramas familiares pois ficam sem rendimentos por parte do seu único ganha-pão. Dai que seja muito comum encontrarmos noutras categorias do automobilismo – GP2, GP3, World Series, WEC, WTCC e agora a Fórmula E – antigos técnicos e mecânicos de Fórmula 1, que ficaram sem emprego por uma ou outra razão e têm de aceitar trabalhos com salários inferiores para se manterem acima da linha da água.HOJE: Atualmente, pilotos aparte, só oito elementos do paddock recebem salários superiores a um milhão de Euros anuais, mas Adrian Newey está mesmo numa categoria aparte, pois só os quatro pilotos mais bem pagos recebem mais que o genial líder técnico da Red Bull. Paddy Lowe, James Allison e Peter Prodromou também ganham mais do que a generalidade dos pilotos de Fórmula 1, enquanto Maurizio Arrivabene é claramente o chefe de equipa com melhor salário, pois teve de deixar um cargo extremamente bem pago na Phillip Morris International para aceitar liderar a Ferrari.

Adrian Newey ganha mais que muitos pilotos

 


OS DEZ MAIS BEM PAGOS

(em milhões de Euros anuais)

Adrian Newey – 14;

Paddy Lowe – 6;

James Allison – 4;

Peter Prodromou – 4;

Maurizio Arrivabene – 3;

Pat Symonds – 1,5;

Christian Horner – 1,2;

Toto Wolff – 1,2;

Andy Cowell – 0,8;

Eric Boullier – 0,7.

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Atrás deste lote bastante restrito, existe um bom numero de engenheiros, sobretudo da Red Bull, Merceces e McLaren, com salários entre os 300.000 e os 500.000 Euros e com contratos de longa duração, para evitar que se juntem à concorrência, com os valores a baixarem cerca de 25 por cento quando se trata da Ferrari ou da Williams e para quase metade no caso das restantes equipas do plantel. Em média, e tendo como base as equipas com sede no Reino Unido, são estes os salários dos membros das equipas de Fórmula 1.

VALORES

Chefe de Engenheiros – 150.000 Euros;

Engenheiro de pista – 110.000 Euros;

Director Desportivo – 80.000 Euros;

Analista de dados – 70.000 Euros;

Engenheiro Júnior – 50.000 Euros;

Chefe de departamento (na fábrica) – 80.000 Euros

Técnico residente (fábrica) – 50.000 Euros;

Chefe de Mecânicos – 80.000 Euros;

Mecânico numero um – 60.000 Euros;

Chefe de Logística – 60.000 Euros;

Mecânico em Grande Prémios – 45.000 Euros;

Camionista chefe – 45.000 Euros;

Camionista – 40.000 Euros;

Gestor de conta (marketing) – 70.000 Euros;

Sub-gestor de conta (marketing) – 50.000 Euros;

Assistente de marketing – 24.000 Euros;

Chefe de Comunicações – 60.000 Euros;

Assistente de Comunicação – 35.000 Euros;

Responsável pela Hospitalidade – 50.000 Euros;

Funcionário da motorhome – 36.000 Euros;

Secretária – 24.000 Euros.A estes salários base, que como se vê não nada do outro mundo considerando o custo de vida em Inglaterra ou na Suíça, onde estão baseadas oito das dez equipas de Fórmula 1, acrescem, por norma, pequenos bónus com base no resultado de cada equipa no Mundial de Construtores e respetivos prémios monetários.Por norma as equipas reservam cinco por cento dos seus prémios para distribuir por todos os seus funcionários, o que pode significar, para um mecânico ou um engenheiro subalterno, um reforço de sete a dez mil euros no final do ano. Nada que lhe permita retirar-se aos 50 anos para ir viver numa ilha paradisíaca, mas o suficiente para oferecer à família, que pouco vê, umas belas férias de Inverno, para compensar a mulher e os filhos da sua ausência forçada por mais de 150 dias por ano.


MAIS POR AMOR DO QUE POR INTERESSE


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Audiências em baixa não ajudam

Uma das consequências mais positivas do globalização das audiências da Fórmula 1, que ocorreu nos anos Noventa, foi o de termos grandes empresas a procurarem as equipas que participavam nos Grande Prémios para lhes proporem contratos de patrocínio. Com a economia global em franca expansão e a Fórmula 1 a chegar a todo o lado, tivemos um raro caso da oferta superar a procura, o que fez com que as equipas mais conhecidas, como a McLaren e a Ferrari, passassem alguns dos patrocinadores que não podiam acolher – por falta de espaço ou incompatibilidade comercial – a equipas mais pequenas, ficando com uma bela comissão pelo serviço.Como não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe, a crise económica de 2009 foi o inicio duma nova e bem mais complicada era, pois ao colapso da economia mundial juntou-se o arranque determinado duma nova fase das transmissões televisivas: a passagem progressiva das transmissões em sinal aberto para as “Pay TV” e logo com grandes mercados, como o Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Japão. A crise económica mundial foi tão brutal que durante quase um ano até os principais patrocinadores nada fizeram para ativar os seus programas promocionais, pois ninguém queria ser associado a um festival de excessos – a imagem que os Grande Prémios tinham na altura – quando as empresas estavam a despedir milhares de funcionários e a cortar investimentos de forma brutal.A primeira consequência para a Fórmula 1 foi a quebra brutal de receitas do Paddock Club, pois em 2010 foram poucos os que se aventuraram nessa área tão dispendiosa, seguindo-se a não renovação de muitos dos melhores contratos de patrocínio que vigoravam na altura – mal a que só a Ferrari conseguiu escapar, pois não só renovou com todos os seus principais patrocinadores, como também conquistou novos mercados, como a Rússia e a China. O prestigio da Scuderia superou o temor de se ser associado a um desporto dito elitista, mas para as restantes equipas a situação foi bem diferente e houve que aceitar patrocínios menos lucrativos, para se manter um nível mínimo de encaixe financeiro.pag3_1

Só a McLaren e a Sauber mantiveram as exigências feitas aos potenciais patrocinadores, com consequências muito negativas para ambas, pois nunca mais conseguiram apoios suficientes para fazerem face às despesas. No caso da equipa inglesa o problema foi superado com novos investimentos por parte dos accionistas árabes, até ao final de 2013; já a Sauber entrou em quase colapso, por não ter quem injectasse capital e ser gerida de forma desastrosa desde a saída de cena da BMW.A crescente passagem para a “Pay TV”, que já cobre quase toda a Europa (no Reino Unido e Itália metade das provas também passam em sinal aberto, mas na Alemanha e em Espanha estamos a meses de só ter Grande Prémios nos canais codificados) aumentou os dividendos do Formula One Group mas reduziu de forma significativa o valor das audiências televisivas, afastando potenciais patrocinadores e encorajando os restantes a exigirem contratos menos dispendiosos, por estarem a atingir cada vez menos telespectadores a nível global.Uma realidade que está bem à vista pelo facto da McLaren, Lotus, Toro Rosso, Sauber e Manor não terem um patrocinador associado ao seu nome, bem como pela necessidade da Williams vender a preço de saldo espaços notáveis à Martini & Rossi e à Unilever, apesar de ter sido terceira classificada no Mundial de Construtores em 2014, para ter nomes de prestigio associados à equipa. Atualmente são estes os 20 patrocinadores que mais investem no apoio às equipas de Fórmula 1 (valores em milhões de Euros, ver valores ao lado.

Luís Vasconcelos

NOTA: Trabalho realizado em agosto de 2015


PAGAR MAIS POR MENOS


Phillip Morris (Ferrari) – 60;

Petronas (Mercedes) – 40;

PDVSA (Lotus) – 40;

Santander (Ferrari) – 30;

Infiniti (Red Bull) – 20;

Kasperskys (Ferrari) – 20;

Mobil (McLaren) – 20;

Telmex (Force India) – 20;

Cepsa (Toro Rosso) – 20;

Silana (Sauber) – 20;

Blackberry (Mercedes) – 15;

Banco do Brasil (Sauber) – 15;

Nova Chemicals (Toro Rosso) – 15;

Johnny Walker (McLaren) – 15;

Shell (Ferrari) – 15;

UPS (Ferrari) – 15;

Martini & Rossi (Williams) – 12;

Yotaphone (Lotus) – 10;

Total (Red Bull) – 10; e

Petrobrás (Williams) – 10.

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