Walter Rohrl: recorde a Lenda de Arganil no Rally de Portugal de 1980

Foi a 7 de março de 1980 que Walter Rohrl e Christian Geistdorfer escreveram uma lenda nos ralis. Contando com uma dupla passagem pela versão mais utilizada nos anos anteriores, a edição de 1980 tinha 42 Km, começando perto de Vale de Maceira e terminando em Folques. Na madrugada daquele dia 7 de Março, um senhor chamado Walter Rohrl completava nesse dia 33 anos e estava disposto a oferecer uma inesquecível prenda a si próprio. Algumas horas antes, no hotel e antes de adormecer, percorreu mentalmente os 42km de Arganil.

Quando o Fiat 131 se aproximou do início do troço para disputar a primeira passagem, um horrível nevoeiro não permitia ver mais do que 5 metros de distância. Então, o piloto alemão, valendo-se do “reconhecimento virtual” que havia feito no hotel, partiu para o troço disposto a correr todos os riscos para decidir ali o rali a seu favor. Quando o seu navegador Geistdorfer começou a cantar notas, Rohrl apercebeu-se que era impossível seguir qualquer referência visual. Então, decidiu usar um sistema alternativo. Sempre que o seu navegador cantava “curva a 60 metros”, Rohrl contava 1, 2, 3 segundos e virava “às cegas”. Quando ouvia “100 metros”, contava 1,2,3,4,5 segundos e assim sucessivamente. Este método não só lhe permitiu chegar ao final do troço com um tempo de 35m,15s, como ainda ganhou, pasme-se, 3m48s a Waldegaard e 4m40s ao seu companheiro de equipa e principal adversário Markku Alen. Visivelmente exausto, Rohrl haveria ainda de ganhar mais 1m55s a Alen, na segunda passagem (33m,13s), decidindo o rallye a seu favor.

Há uns anos anos, Walter Rohrl revisitou Arganil há três anos para filmagens, recordando a bem conhecida história quando ‘deu’ 4m40s a Markku Alen, no nevoeiro de Arganil: “Foi um dia incrível. Nos ralis, nos lugares da frente se um piloto em luta direta dava trinta segundos a outro já era muito, imaginem quase cinco minutos. O mais curioso é que na segunda passagem, quando já tinha uma grande vantagem na frente e estava a gerir a prova, o Markku apanhou-me passados 20 quilómetros, mas assim que apareceu a zona de nevoeiro, até ao fim, voltei a ganhar-lhe dois minutos. No fim veio-me dizer que que assim não podia ser, não era capaz de lutar comigo. Foram tempos inesquecíveis”, recordou. O vídeo é em alemão, mas mesmo que não perceba, vale a pena ver as imagens, e pode sempre ativar as legendas automáticas do youtube, que são também em alemão, o que é pena. Mas a história está toda nas linhas atrás…

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