Gião e Alonso: “Espinha na garganta” ou “Coroa de glória?”


A carreira de um piloto é feita de altos e baixos. Vitórias, títulos, amargos de boca, alegrias e tristezas. Manuel Gião tem, no seu currículo, um desses momentos – que tanto pode ser catalogado como “a espinha na garganta”, ou “a coroa de glória.” O piloto prefere este último: “Foi, sem dúvida, a minha coroa de glória.” E explica: “Não pelo título perdido e pelas circunstâncias em que isso sucedeu, mas por ter estado a lutar até à última corrida, com o Fernando Alonso.”

A proeza sucedeu em 1999, a sua segunda temporada na Fórmula Nissan. Gião, então com 28 anos, lutou taco a taco, prova a prova, com um jovem em início de carreira – “mas com um talento fabuloso.” O seu nome era Fernando Alonso, o mesmo que hoje é bicampeão do Mundo de F1, e campeão do WEC, além de vencedor das 24h de Daytona e das 24h de Le Mans: “Na última corrida, estava eu em segundo atrás do Tomas Scheckter, quando o Alonso nos ultrapassou com bandeiras amarelas. Há testemunhas disso, o Tomas prontificou-se a mostrar a gravação em vídeo dessa manobra. Mas não serviu de nada. Perdi politicamente o título que era meu. O prémio, era um teste gratuito com o Minardi de F1. Mais tarde, vim a saber que a equipa tinha já há vários dias o banco do Alonso, com o nome dele lá escrito e tudo!”

Como consolação – ou talvez não… – refira-se que, nesse dia, Gião ganhou um amigo: “Estava na bancada e tudo sucedeu à sua frente. Desde então, ele decidiu que me apoiaria sempre, desde que corresse em Espanha.” Esse patrocínio tem o nome de Grupo PIRO. Mas será que esse teste teria mudado a vida de Gião? “Talvez, quem sabe? Somos um país pequeno, sem os lobbies necessários para estar na F1, é certo. Mas isso não quer dizer que não tenhamos pilotos capazes de chegar à F1 e lá correr.”